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    O que sabemos sobre o empresário envenenado após comer brigadeirão no Rio

    Luiz Marcelo Antônio Ormond foi encontrado morto no dia 20 de maio no apartamento onde ele morava; namorada é suspeita

    Felipe Romeroda CNN , Em São Paulo

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    A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga a morte do empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond, de 44 anos, que foi encontrado morto no dia 20 de maio no apartamento onde ele morava, na zona norte da capital fluminense.

    A principal suspeita é a psicóloga Júlia Andrade Cathermol Pimenta, 29 anos, que era namorada da vítima. Ela já teve pedido de prisão decretado, mas está foragido.

    Na última quarta-feira (29), a polícia prendeu duas pessoas que teriam tido envolvimento com o caso. Entre elas está a cigana Suyany Breschak.

    Brigadeirão envenenado

    O corpo de Luiz Marcelo Antonio Ormond foi encontrado no dia 20 de maio no sofá do apartamento onde ele morava, no bairro Engenho Novo, na zona norte do Rio de Janeiro, após os vizinhos relatarem à polícia um forte cheiro vindo do imóvel.

    O corpo estava em estágio avançado de decomposição, mas uma marca que indicava um possível golpe na cabeça fez com que os agentes registrassem o caso como morte suspeita.

    Segundo o delegado do caso, Marcos Buss, o empresário foi morto após ter comido um brigadeirão envenenado feito pela namorada.

    Laudo do Instituto Médico Legal (IML) indica que a morte pode ter ocorrido pelo menos três dias antes de o corpo ter sido encontrado.

    Envolvimento da cigana

    Suyany Breschak foi presa na quarta-feira por suposto envolvimento no crime. A mulher se identifica como cigana e seria “orientadora espiritual” de Júlia.

    Segundo o delegado Marcos Buss, o assassinato foi combinado por mensagens trocadas entre Júlia e a cigana.

    “Sob forte influência da Suyany, a Júlia teria praticado este homicídio. E a Suyany sabia o que estava acontecendo. Inclusive, elas trocavam mensagem sobre como isso seria feito”, disse o delegado á CNN.

    No depoimento à polícia, a cigana afirmou que Júlia dividia a vida passando finais de semana com um namorado e o meio de semana com Luiz Marcelo.

    Segundo Suyany, a namorada de Luiz Marcelo deve R$ 600 mil a ela por diversos trabalhos realizados ao longo de 12 anos. A dívida vinha sendo amortizada com pagamentos mensais de R$ 5.000, de acordo com a cigana. A polícia aguarda a quebra de sigilo bancário das acusadas para confirmar a informação.

    Ainda de acordo com a cigana, Júlia seria garota de programa continuava atendendo clientes para serviços sexuais e costumava pedir trabalhos para ajudar a esconder essa fonte de renda de familiares e companheiros.

    A cigana afirmou que também fazia trabalhos de limpeza espiritual e rituais para atrair mais clientes.

    Motivação econômica

    As investigações sugerem que a motivação do assassinato foi econômica.

    “Júlia estaria buscando uma união estável com o empresário, no intuito de herdar os bens. Com a resistência da vítima, ela decidiu dar cabo da vida dele e subtrair bens, fazer transações”, detalhou o delegado Buss.

    A cigana presa admitiu ter ajudado Júlia a se desfazer dos bens de Luiz Marcelo, como o carro dele. O veículo foi levado para Cabo Frio, na Região dos Lagos, após supostamente ter sido vendido por uma quantia de R$ 75 mil.

    O homem que estava na posse do carro chegou a apresentar um documento de transferência do veículo escrito à mão e supostamente assinado pela vítima. Também foram encontrados o telefone celular e o computador da vítima com o homem, que foi preso em flagrante por receptação.

    Imagens de câmeras de segurança do condomínio mostram Júlia indo pegar um cartão bancário do namorado, entregue por correspondência, quando o homem já estava morto.

    Envenenamento com morfina

    A Polícia Civil acredita que Júlia usou o medicamento Dimorf para envenenar e depois matar o empresário. O medicamento é, sulfato de morfina, analgésico opióide usado para dores crônicas e aguda e com alto potencial de vício.

    Um frasco teria sido encontrado próximo ao local onde o corpo de Marcelo estava. Uma testemunha, que é médica, afirmou que o empresário nunca disse a ela que usava tal substância, de acesso controlado.

    Como Júlia é psicóloga, teria acesso ao medicamento, encontrado comumente em comprimidos, mas disponível para aplicação intravenosa em hospitais e clínicas de saúde.

    A ação da substância pode durar até cinco horas no organismo, momento em que deve ser considerado ou não administrar novamente a dose. A medicação é usada, por exemplo, em pacientes de doenças terminais como câncer, para aliviar dores e propiciar conforto.

    Suspeita ficou no apartamento com o cadáver

    Entre os dias 18 e 20, Júlia continuou transitando pelo condomínio onde a vítima morava, conforme registrado pelas câmeras de segurança.

    Júlia também teria se passado por Luiz Marcelo por meio de mensagens de celular enviadas a amigos e familiares da vítima. Testemunhas estranharam as mensagens por texto, já que o empresário costumava mandar apenas áudios.

    Um dos porteiros relatou aos policiais que, no dia 19 — dois dias depois de Luiz Marcelo ter sido visto pela última vez — Júlia o procurou e pediu ajuda para retirar o carro do namorado da garagem, pois teria batido o veículo contra uma pilastra.

    O porteiro disse ter ajudado, mas estranhou a situação, já que o empresário não teria o costume de deixar que outras pessoas dirigissem o automóvel.

    Nos dias seguintes ao assassinato, Júlia chegou a reclamar por mensagem de celular para sua cúmplice de que o mau cheiro estava forte, atraindo até um urubu para a janela do imóvel.

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