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    Assassinato de médicos em quiosque no Rio: o que se sabe sobre o caso

    Três médicos morreram no ataque; um deles era irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP)

    Flávio Ismerimda CNN

    São Paulo

    Um ataque a tiros matou três médicos ortopedistas e deixou um ferido na madrugada desta quinta-feira (5), em um quiosque na praia da Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro.

    Os quatro foram socorridos por bombeiros. Marcos de Andrade Corsato, Perseu Ribeiro Almeida e Diego Ralf de Souza Bomfim — que era irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) — morreram no local. A outra vítima está internada.

    Veja abaixo tudo o que sabemos sobre o caso:

    O crime

    Três médicos ortopedistas, incluindo o irmão de Sâmia Bomfim, foram assassinados em um ataque a tiros na avenida da praia da Barra da Tijuca, na zona Oeste do Rio de Janeiro, na madrugada desta quinta-feira (5). Uma quarta vítima ficou ferida e está internada.

    A Polícia Militar do Rio de Janeiro informou que policiais do 31° BPM (Recreio dos Bandeirantes) foram chamados para atender a uma ocorrência de homicídio na Avenida Lúcio Costa, na praia do bairro. Chegando lá, encontraram as quatro vítimas baleadas.

    A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga o caminho percorrido pelo carro dos criminosos e avalia se aconteceu alguma coisa no deslocamento do grupo de São Paulo para o Rio. Os primeiros indícios apontam para uma execução.

    Quem eram as vítimas?

    Diego Bomfim

    • Diego Ralf de Souza Bonfim era irmão da deputada federal Sâmia Bonfim (PSOL-SP) e se especializou em reconstrução óssea pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

    Marcos Corsato

    • Marcos de Andrade Corsato era médico assistente do grupo de Tornozelo e Pé do IOT da FMUSP. Ele fez graduação e mestrado em ortopedia e traumatologia na USP.

    Perseu Almeida

    • Perseu Ribeiro Almeida se formou em medicina pela Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC) de Salvador, fez residência em ortopedia e traumatologia pelo COT e se especializou em cirurgia em pé e tornozelo pelo IOT da FMUSP.

    Vítimas participariam de congresso

    O grupo de ortopedistas passava a noite em um quiosque na Barra da Tijuca. Eles haviam chegado à capital fluminense para participar do 6º Congresso Internacional de Cirurgia Minimamente Invasiva do Pé e Tornozelo.

    O evento era internacional e contava com apoio da Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé, entidade que os médicos faziam parte.

    Mais de 30 tiros foram disparados

    CNN apurou que a polícia recuperou 33 cápsulas de bala de calibre 9 mm no local do ocorrido.

    “Informações preliminares apontam que todos estavam em um quiosque da região quando foram vítimas de disparos de arma de fogo efetuados do interior de um automóvel”, disse a PM-RJ à CNN.

    Vídeo: Câmera de segurança flagra momento em que irmão de deputada é morto no RJ

    Indícios apontam para execução

    A motivação e a autoria do crime estão sendo apuradas pela Polícia Civil. A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) investiga o caso e realizou uma perícia no local e está ouvindo testemunhas e analisa ainda imagens de câmeras de segurança.

    A PC-RJ investiga o caminho percorrido pelo carro dos criminosos e avalia se aconteceu alguma coisa no deslocamento do grupo de São Paulo para o Rio. Os primeiros indícios apontam para uma execução.

    Cláudio Castro (PL), governador do Rio de Janeiro, determinou que a corporação “empregue todos os recursos para chegar à autoria do crime”.

    Polícia tem “duas ou três” linhas de investigação, diz Dino

    O ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), afirmou que existem “duas ou três” linhas de investigação policial no caso. Ele relatou também que os investigadores já têm indícios que podem levar à autoria do crime.

    “Há duas ou três linhas de investigação que estão sendo percorridas. O fato de haver proximidade com dois deputados federais faz com que nós tenhamos essa presença da Polícia Federal, inclusive porque o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira, pediu também essa parceria entre a polícia legislativa e a PF”, disse Dino.

    Em coletiva de imprensa em Salvador, onde cumpre agenda sobre as ações de segurança pública no estado, Dino explicou que foi estabelecida uma “parceria”.

    O ministro também pediu que a Polícia Federal acompanhe a investigação. Em publicação feita nas redes sociais, ele atribuiu a entrada da PF no caso à “hipótese de relação com a atuação de dois parlamentares federais”.

    Sâmia Bomfim, irmã de uma das vítimas, é casada com o também deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ).

    Segundo Dino, está claro para as autoridades de que o ocorrido se trata de uma execução, não um crime patrimonial.

    Federalização do crime não está descartada

    Conforme apurou a analista da CNN Renata Agostini, o ministro esclareceu que o pedido para que as investigações sejam comandadas pelo governo federal ainda não está em avaliação, mas a medida será analisada “tecnicamente”.

    A federalização é passar a responsabilidade de investigação e julgamento de um crime para a esfera federal. Ou seja, assumem o caso a Polícia Federal (PF), o Ministério Público Federal (MPF) e a Justiça Federal.

    A medida visa garantir maior isenção no processo de apuração do crime e condenação dos acusados. Entenda como acontece o processo através desta matéria.

    Testemunha descreve crime

    Uma testemunha disse à CNN o que viu no momento da morte dos três médicos e declarou que “foi tudo rápido e assustador”.

    “Estava do lado do ocorrido, tomando uma cerveja, comendo, aí a gente ouviu um barulho, parecia garrafa quebrada, quando deu o segundo ou terceiro barulho idêntico, a gente percebeu que era tiro, aí a gente desceu correndo pra orla da praia.”

    “Quando deu um minuto mais ou menos eu voltei, tinha deixado meus pertences na mesa, não tinham roubado e nem nada, então a gente percebeu que não foi um assalto, já tinham ido embora, acho que eram dois ou três elementos ali, enfim, foi tudo muito rápido e assustador, minha primeira experiência no Rio de Janeiro foi horrível”, disse a testemunha que não quis se identificar.

    Sâmia diz que família está destroçada e pede seriedade na investigação

    A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) disse que sua família está destroçada após o assassinato do irmão.

    Pelas redes sociais, a parlamentar prestou solidariedade aos familiares das outras vítimas e pediu celeridade e seriedade na investigação do caso.

    Investigadores não descartam que vítima foi confundida com miliciano

    Investigadores da Polícia Civil que cuidam do caso não descartam que a execução possa ter sido feita sem motivação política.

    As informações são dos âncoras da CNN Tainá Falcão, Gustavo Uribe e Raquel Landim e do analista de política Leandro Resende.

    A avaliação preliminar é que os criminosos buscavam outros alvos, e não os médicos assassinados.

    Uma das linhas da investigação sugere que um dos médicos mortos, Perseu Ribeiro Almeida, pode ter sido confundido com o filho de um miliciano, pois os dois teriam a aparência física muito próxima.

    Segundo essa hipótese, a execução encomendada seria a de Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, filho de Dalmir Pereira Barbosa, um dos principais chefes da milícia que atua na zona oeste do Rio.

    Os policiais ouvidos pela CNN ressaltaram que as informações ainda são preliminares, e não descartam a possibilidade de vínculo político como motivação.

    Não são descartadas também as possibilidades de que o caso envolva a milícia no estado do Rio de Janeiro, e de que os executores sejam de outros estados.

    Lula e Anielle lamentaram mortes

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lamentou o caso e afirmou que recebeu “com grande tristeza e indignação” a notícia.

    A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, se solidarizou com a família das vítimas e afirmou que conhece “a dor destes familiares”. Ela é irmã de Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro assassinada em 2018.

    Veja também: Testemunha detalha momento da execução de médicos no RJ