O Grande Debate: Visita de Bolsonaro busca diálogo ou gera crise com STF?
Gisele Soares e Thiago Anastácio também abordaram a decisão de retomar o rodízio na capital paulista como medida para conter os casos da Covid-19
O Grande Debate da manhã desta sexta-feira (8) abordou a visita surpresa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao Supremo Tribunal Federal (STF) e questionou os advogados Thiago Anastácio e Gisele Soares se esse gesto gerou crise entre o poder Executivo e o Judiciário.
Na tarde de quinta (7), Bolsonaro atravessou, caminhando, a Praça dos Três Poderes, em Brasília. Ele saiu do Palácio do Planalto e foi ao Supremo, que fica do outro lado da praça, para uma reunião de última hora com o presidente do STF, Dias Toffoli, ministros e empresários, que ainda foi transmitida ao vivo e sem comunicar a Corte, em um perfil que Bolsonaro mantém em rede social.
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Para Thiago Anastácio, a atitude do presidente mostra “desconhecimento das regras do jogo e da separação de poderes” e improviso para tentar responsabilizar o STF, o que pode desencadear novo conflito. “Seria para passar a mensagem de que o Supremo será corresponsável caso haja um agravamento econômico no Brasil, sendo que o poder Judiciário é inerte. A Justiça fica parada até ser acionada, mas não se faz isso por reunião, e sim em petição”, avaliou. “Ele deveria ter virado a 45° graus e [buscado] diálogo no Congresso. Errou o prédio”, completou.
Gisele Soares considerou a reunião como positiva e sem problemas. “Vi com bons olhos essa atitude espontânea do presidente, foi um movimento de aproximação dos poderes, sem nenhum desrespeito à separação entre eles”, disse. “O presidente levou seus ministros e empresários, que estão preocupados com as consequências da pandemia para a economia e, justamente, nos próximos 30 dias”, ressaltou.
Rodízio em SP
Gisele Soares e Thiago Anastácio também abordaram a decisão de retomar o rodízio na capital paulista a partir da próxima segunda-feira (11). O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), explicou que a medida será mais restritiva e valerá para as 24 horas do dia. O objetivo é fazer mais pessoas ficarem em casa para tentar evitar o contágio pela Covid-19.
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Questionada sobre a medida, Gisele Soares disse não ver “relação direta entre fazer rodízio e conter aglomerações” e argumentou que as pessoas que precisarem se deslocar continuarão fazendo isso, mas agora por meios com mais concentração de pessoas. “É muito ineficaz para evitar aglomeração”, considerou.
Thiago Anastácio levantou as mesmas preocupações, mas defendeu que a prefeitura esteja tomando ações. “Parece que a prefeitura quer sanar a lacuna de conscientização das pessoas”, avaliou. “Todas as medidas estão sendo tentadas agora porque a população não fica em casa”, acrescentou.
Ouça o debate completo: