O Grande Debate: ‘Sinal’ de indicação ao STF é tentativa de influenciar Aras?
Thiago Anastácio e Gisele Soares avaliaram também as declarações do ministro da Educação, Abraham Weintraub, sobre a Noite dos Cristais e a operação da PF
O Grande Debate desta sexta-feira (29) abordou a declaração do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de que o procurador-geral da República, Augusto Aras, “entraria fortemente” como candidato a uma eventual terceira vaga no STF (Supremo Tribunal Federal).
Os ministros do STF devem se aposentar ao completar 75 anos. Dois atingirão essa idade durante o mandato de Bolsonaro como presidente da República: Celso de Mello, em novembro deste ano, e Marco Aurélio Mello, em junho de 2021. Alguns nomes já são cogitados para os cargos.
O presidente elogiou a atuação de Aras na PGR. É o procurador quem conduz o inquérito que investiga se Bolsonaro interferiu na Polícia Federal, como afirmou o ex-ministro Sergio Moro.
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Na edição matinal do quadro, Reinaldo Gottino, questionou os advogados Thiago Anastácio e Gisele Soares se “essa ‘promessa’ que Bolsonaro faz a Aras pode influenciar nas decisões do procurador-geral – que tem muitos casos relevantes em suas mãos – e se o ‘sinal’ de indicação não é tentativa de influenciá-lo”, perguntou.
Thiago Anastácio disse considerar que Aras tem uma grande responsabilidade nesse momento e que “não gosta sequer de como esse assunto vem à tona”. “Como vamos medir se o procurador-geral se influenciará ou não pela promessa de um cargo vitalício? É muito difícil, e o sintoma mais grave é isso acontecer agora. É óbvio que Bolsonaro está querendo colocar Aras em cima do seu colo. Isso não poderia ter sido dito pelo presidente”, defendeu.
Gisele Soares afirmou não ver problema na fala de Bolsonaro, mas que ela “não pode ser uma tentativa nem influenciar de maneira alguma”. “Não vi [tentativa de influência] nessa fala. O PGR sempre é um nome que é cotado para ocupar um desses cargos no STF, então nessa live essa faz essa menção sem nenhuma conotação que não realmente uma futura ocupação de uma terceira vaga”, considerou.
Abraham Weintraub

Um outro assunto envolvendo o Planalto também foi abordado no debate. Na quarta-feira, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, usou sua conta no Twitter para compararà perseguição dos judeus na Alemanha nazista, a operação da Polícia Federal que investiga uma rede responsável por fake news.
A ação da PF cumpriu mandados de busca e apreensão determinados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, contra aliados e apoiadores de Bolsonaro.
“Hoje foi o dia da infâmia, VERGONHA NACIONAL, e será lembrado como a Noite dos Cristais brasileira. Profanaram nossos lares e estão nos sufocando. Sabem o que a grande imprensa oligarca/socialista dirá? SIEG HEIL!”, escreveu Weintraub em uma das publicações.
Questionados por Gottino sobre esse posicionamento do ministro, os advogados concordaram que a comparação foi indevida.
“Comparar isso com a Noite dos Cristais ofende as pessoas. É um absurdo, um desrespeito. Isso é nojento”, criticou Thiago Anastácio.
Gisele Soares declarou que “nunca são boas as comparações com crimes contra a humanidade”: “É muito infeliz e perigoso. Realmente nos causam bastante repúdio”, classificou ela.
Ouça ao debate na íntegra: