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    O Grande Debate: o Brasil deve utilizar droga polêmica no combate à COVID-19?

    Augusto de Arruda Botelho e Caio Coppolla discutem o uso da hidroxicloroquina com azitromicina no combate ao coronavírus

    Da CNN, em São Paulo

    O Grande Debate da noite desta terça-feira (7) debateu o uso do hidroxicloroquina combinado com a azitromicina no combate ao coronavírus, mesmo sem documentação científica que comprove a total eficácia do medicamento. A pergunta que Caio Coppolla e Augusto de Arruda Botelho tiveram que responder sobre o assunto foi: o Brasil deve usar droga polêmica no combate à COVID-19?

    Quem iniciou o debate foi Augusto: “Na pesquisa que fiz, dois pontos são unânimes: primeiro, que a cloroquina é uma medicação que, até o momento, a medicina não consegue afirmar sua eficácia. A outra é que o medicamento é uma droga potente e que traz uma série de efeitos colaterais caso usada na dosagem errada, tanto que hospitais da Suécia suspenderam o uso da cloroquina”, disse.

    Caio afirmou haver alarmismo em torno da discussão da hidroxicloroquina, e citou uma pesquisa que vem sendo conduzida no Brasil. “Conversei com o doutor Pedro Benedito Batista Jr., diretor-executivo da Prevent Senior, que escalou cientistas para conduzir o maior estudo clínico em maior escala da cloroquina, e posso adiantar resultado: mais de 300 pessoas que foram internadas, tratadas, e já receberam alta”, afirmou.

    Após a fala de Caio, a mediadora Monalisa Perrone relembrou que, das 371 mortes confirmadas por COVID-19 no estado de São Paulo, 69 ocorreram no hospital Sancta Maggiore, sob comando da Prevent Senior. Ela também trouxe para a discussão o fato de que médicos no Ceará estão recomendando o medicamento de forma profilática, e que isso poderia causar efeitos colaterais.

    Sobre esses efeitos, Caio afirmou que há “um caso em mil de arritmia cardíaca, e isso só acontece no período de uso”. Também criticou a relutância em indicar o remédio. “Pessoas tendem a procurar serviço médico no quarto dia, e o tratamento leva 48 horas para surtir efeito. Temos incompatibilidade de timing, as pessoas chegam tarde no hospital e podem receber o remédio tarde demais”, disse.

    Já Augusto disse crer que há uma politização do medicamento. “É um remédio, e vejo várias autoridades públicas criando polarização diante de um remédio. Temos uma sociedade corroída por pensamento binário. Estamos no meio de uma pandemia. É o momento de se politizar?”, disse.

    Caio rebateu afirmando que há um vídeo oficial do Ministério da Saúde que indica o tamiflu para tratar o coronavírus. “Curioso o Ministério da Saúde indicar remédio caro como o tamiflu, caro, inacessível e que não faz efeitos positivos nos pacientes da COVID-19. Não é tempo de corroborar lobbies da indústria farmacêutica”, disse.

    A mediadora Monalisa Perrone entrou novamente na discussão e questionou o fato de o coordenador do gabinete de crise de São Paulo, David Uip, não ter respondido aos jornalistas nesta terça se usou ou não hidroxicloroquina com a azitromicina em seu tratamento.

    Caio afirmou: “Na minha visão, ele prestou um desserviço ao não divulgar seu tratamento”. Já Augusto disse que o código de ética médica proíbe que profissionais de saúde divulguem processos de tratamento que não estejam amplamente comprovados. Relembrou também que, mesmo não tendo barreira ética, o presidente Jair Bolsonaro não divulgou seus exames sobre COVID-19.

    Informações da Dra. Nise

    Monalisa voltou ao debate para introduzir as opiniões da médica Nise Yamaguchi, que em entrevista à CNN nesta terça voltou a defender a hidroxicloroquina.

    Augusto citou portaria do Ministério da Saúde que libera o uso de medicamentos, e disse que, caso haja comprovação da eficácia pela ciência, o remédio é bem-vindo. “Quem sou eu para discordar da doutora Nise. Ela participou de um estudo francês sobre o medicamento, um dos principais no mundo. Mas nós temos que tratar o tema com cautela, estamos lidando com vidas. Não devemos nos automedicar e divulgar nas redes sociais como uma cura milagrosa”, disse.

    Em relação a automedicação, Caio citou o caso de uma pessoa que morreu de intoxicação nos Estados Unidos. “A imprensa americana noticiou que um cidadão faleceu se automedicando, mas o que aconteceu foi que ele leu o nome da cloroquina em um item de limpeza para aquários, e consumiu o produto. Imprensa noticiou como se ele tivesse se automedicado. Questão deveria ser infinitamente menos politizada, estamos falando de ciência”, afirmou.

    Monalisa citou outra opinião da médica Nise, que disse que pacientes que querem tomar a medicação devem assinar termo de responsabilidade, o que Caio achou extremo. “Pessoas são adultas, sempre vale a pena ser transparente nas relações, mas as pessoas não vão consumir medicação sem orientação. O risco é reduzido e vale a pena as pessoas se responsabilizarem”, disse.

    Augusto concordou, e disse que, caso um médico de confiança o oferecesse o medicamento, iria cogitar o tratamento, mas questionou a propagação do remédio como cura milagrosa. “O que me preocupa são autoridades sem conhecimento tentando propagar uma cura milagrosa”, afirmou.

    Argumentos finais

    Em seu argumento final, Caio lembrou do uso do fundo eleitoral para o combate ao coronavírus, dizendo que com o dinheiro liberado, será possível montar 22.700 leitos de UTI, ou comprar 2 bilhões de máscaras, 40 milhões de kits testes e até 30 mil respiradores.

    Augusto fechou sua participação concordando que não se deve politizar o debate, e que não é contra a cloroquina. Ele acrescentou que as devemos “escutar médicos e sermos responsáveis, pois estamos tratando de vidas. Não existe cura milagrosa”.

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