O Grande Debate: governo demora para escolher o ministro da Educação?
Augusto de Arruda Botelho e Caio Coppolla debateram sobre a indefinição de um ministro da Educação e sobre o foco do governo Bolsonaro para a pasta
No Grande Debate da noite desta segunda-feira (6) na CNN, Caio Coppolla e Augusto de Arruda Botelho discutiram se a indefinição sobre o novo ministro da Educação seria uma demonstração do pouco interesse do governo com a área.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) promete definir o novo ministro nos próximos dias. Depois da saída de Abraham Weintraub, o governo está tendo dificuldades pra escolher o substituto: Carlos Decotelli ficou só cinco dias no cargo por causa de fraudes no currículo, enquanto Renato Feder foi criticado por alas do governo antes mesmo de ser anunciado.
Para Augusto, não é verdade que o governo Bolsonaro não liga para o Ministério da Educação. Ele lembrou que a pasta foi muitas vezes citada durante a campanha — mas que, no momento, o MEC está na mão da ala ideológica do governo.
“Somos pautados por aqueles de pensamento tacanho que agora querem uma educação com visão conservadora, muitas vezes negacionista. A dificuldade de encontrar ministros da Saúde e Educação se deve a este fato de que ninguém em sã consciência iria aceitar participar de uma gestão como a do atual governo. O governo Bolsonaro não demora para nomear um ministro por não se interessar na educação, mas porque cada vez menos as pessoas estão dispostas a entrar nessa barca furada.”
Caio disse preferir que o presidente “avalie com muita cautela o nome do próximo ministro.” “Não há espaço para erros depois do fiasco de um ex-futuro ministro que mentiu reiteradas vezes em seu currículo,” disse.
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Caio elogiou o nome do secretário de Educação do Paraná, Renato Feder, que acabou desistindo de chefiar o MEC.
“O indicado foi implacavelmente criticado nas redes sociais por um livro de 2005, de quando ele tinha 25 anos. Como secretário de Educação do Paraná, criou um app de presença escolar para fazer chamadas, onde as informações são passadas para os diretores das escolas. Resultado disso é que de 2018 para 2019, a presença de alunos saltou de 85% para 91%, o que representa 50 mil alunos a mais diariamente frequentando aulas. Essa é uma das medidas de Feder, que foi crucificado na internet.”
Após ouvir os feitos de Feder como secretário da Educação do Paraná, Augusto disse que a escolha parecia técnica e certeira, mas que vê perigo na influência da ala ideológica do governo, que afasta nomes que poderiam ser bons para o país.
“Sinto uma autossabotagem de pessoas de dentro do governo,” disse Augusto sobre o processo de escolha do novo ministro.
Caio voltou a elogiar a atuação de Feder como secretário, em especial durante a pandemia.
“Levantamento feito pelo site G1 mostra que há atualmente um apagão do ensino público na pandemia. Essa matéria traz mostra a porcentagem de estudantes sem acesso a essa modalidade de ensino, e só 1% dos estudantes paranaenses não tem acesso ao tele-ensino. Na comparação, 54% dos estudantes de São Paulo não têm acesso ao ensino a distância. Fizeram também um app chamado Aula Paraná, que tem mais de 4 milhões de lições de casa feitas todos os dias, com acompanhamento de professores e diretores. O que é mais importante, isso ou uma frase de um livro de 2005?”, quesitonou.
Augusto concordou com Caio, e disse que no momento o que o Brasil mais precisa é de um quadro que “coloque a mão na massa”, e disse que o apagão do ensino será um tema que será muito caro a educação do Brasil nos próximos anos.
(Edição: Bernardo Barbosa)