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    O Grande Debate: Bolsonaro deve anular nomeação de Decotelli para o MEC?

    A posse de Decotelli, que aconteceria nesta terça (30), foi adiada e, segundo o Planalto, não tem mais data para acontecer;

    O Grande Debate da manhã desta terça-feira (30) abordou as polêmicas que envolvem as inconsistências no currículo acadêmico e a nomeação de Carlos Alberto Decotelli para o Ministério da Educação (MEC).

    Desde o anúncio da indicação do novo ministro, formações divulgadas por ele no currículo foram desmentidas – a universidade em que dizia ter feito um curso de pós-doutorado negou que ele tivesse qualquer certificado pela instituição, o reitor da faculdade em que dizia ter doutorado veio à público dizer que sua tese não foi aprovada. Também foram encontrados indícios de plágio em sua dissertação de mestrado e a Fundação Getúlio Vargas (FGV) afirmou que Decotelli não foi seu professor efetivo.

    A posse de Decotelli, que seria nesta terça (30), foi adiada e, segundo o Planalto, não tem mais data para marcada. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) lamentou o episódio e disse que está analisando se mantém Decotelli no cargo.

    O Grande Debate

    O mediador da edição matinal do quadro, Rafael Colombo, levantou para os advogados Thiago Anastácio e Gisele Soares se, diante das polêmicas, Bolsonaro deve anular a nomeação de Decotelli para o MEC.

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    Gisele Soares considerou que Bolsonaro não deve anular a decisão porque “equívocos em currículos acontecem”. Ela citou exemplos de informações imprecisas em currículos do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), e da ex-presidente Dilma Rousseff, e defendeu que trata-se de um processo “desafiador” e “complexo”.

    “Witzel fez uma retificação em seu currículo. Ele havia colocado que fez um curso com complementação em Harvard e depois retirou, porque a universidade negou que ele tivesse feito, e ele disse que havia a intenção de fazê-lo, mas que realmente não havia feito. A ex-presidente Dilma Rousseff colocou em seu currículo, por algum tempo, que tinha doutorado em economia – salvo engano na Unicamp – e depois promoveu uma retificação.”

    “Realmente as titulações, principalmente as internacionais, têm altíssima complexidade. Faço doutorado em uma universidade na França e, todos os anos, enfrento uma larga burocracia para o envio de todos os documentos, cumprimento dos créditos e recepção dos benefícios”, relatou ela.

    “Então, não entendo que este momento seja de fazer essa anulação, porque o ministro traz uma história de muita honradez e muitas pessoas que o apoiam para ocupar o cargo. Vamos aguardar os próximos capítulos, mas faço votos de que é muito precipitado anular a nomeação”, acrescentou.

    Thiago Anastácio ironizou lembrando que “este é o povo que odeia Paulo Freire” e “vive dentro de uma ilha”, mas elencou pontos que considera como relevantes no caso de Decotelli. “É um professor respeitado, um homem do diálogo e não precisaria ser doutor nem pós-doutor para ser ministro do MEC. Não haveria essa necessidade”, defendeu o advogado.

    “Ele estaria mentindo sobre o que não precisa mentir. Eu espero que ele não esteja mentindo, mas que eja um equívoco”, completou Anastácio, que ainda classificou que a mentira seria algo “grave” e poderia até ser elencada como crime. “Se ele não consegue explicar e colocou na Plataforma Lattes, cometeu um crime de falsidade ideológica”, avaliou.

    Considerações finais

    Em suas considerações finais, Gisele falou sobre educação como “um direito fundamental de todas as pessoas”. “É por meio da educação que nós aprendemos valores, princípios, as várias ciências e, inclusive, que a Terra é redonda”, iniciou.

    “Neste momento de pandemia, fiz uma homenagem aos profissionais da educação e aos estudantes, e volto a valorizá-los porque este é um momento muito desafiador”, acrescentou ela.

    “Portanto, minha mensagem é, mais uma vez, para que sigam firmes, sejam fortes e não desistam. Este não pode ser um ano perdido para a educação. Professores, diretores e profissionais da educação, continuem se empenhando”, sugeriu.

    Ela ainda pediu que alunos façam atividades fora de telas de computadores e celulares após as aulas remotas. “Não fiquem viciados em telas”, aconselhou.

    Anastácio conclui dizendo que “Gisele tem total razão quando coloca a educação, a ciência e a vida acadêmica como algo que é elementar”. “Não há país civilizado e de primeiro mundo que não tenha uma grande universidade ou uma gama de grandes universidades”, pontuou.

    “A educação e a ciência devem, sim, serem louvadas. Eles só são grandes países porque são construídos ao redor das grandes universidades e da melhor forma de pensar. O negacionismo, que se tornou quase que cultural no Brasil, e os sinais errados da história devem ser repudiados. Sem educação não temos futuro nenhum e continuaremos sendo uma colônia de exploração”, encerrou.

    (Edição: Sinara Peixoto)