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    O Grande Debate: ampliação da quarentena é boa para o Brasil?

    Augusto de Arruda Botelho e Caio Copolla debatem sobre a eficácia e a necessidade de se ampliar a quarentena no Brasil para o combate ao coronavírus

    Da CNN, em São Paulo

    O Grande Debate da noite desta segunda-feira (6) discute a decisão do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), de prorrogar a quarentena no estado até o dia 22 de abril. A decisão aumenta ainda mais a posição de Doria como antagonista de Jair Bolsonaro (sem partido), ao manter medidas que o presidente considera exageradas. A pergunta que Caio Copolla e Augusto de Arruda Botelho tiveram que responder sobre o assunto foi: ampliação da quarentena é boa para o país?

    Caio iniciou sua fala citando Nelson Rodrigues e sua frase “toda unanimidade é burra”. “Assusta ver em um país diverso todos os governadores unânimes na medida, esquecem da ciência e só escutam um tipo de especialista, os infectologistas. O principal estudo usado para justificar a isolamento, do Imperial College de Londres, tem diversos erros metodológicos, é errado estabelecer este falso dilema entre economia e saúde”, disse.

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    Augusto rebateu Caio afirmando que “quem defende o isolamento são todas as entidades médicas do mundo, as secretarias estaduais e Ministério da Saúde, que são entidades plurais com especialistas em todas as áreas”. “Mais do que isso, segundo uma pesquisa do Datafolha, 76% dos brasileiros apoiam a quarentena, que é a única medida possível de ser tomada um futuro próximo para conter a pandemia”, disse.

    Para Caio, a cloroquina pode ser efetiva na luta contra o coronavírus, pois, “como a doença mata muito rápido, é desumano negar um tratamento, ainda que experimental, em alguém que depende disso para sobreviver”. Voltou a afirmar que não existe consenso, e citou entrevista veiculada na CNN com o médico Anthony Wong, que defendeu a baixa mortalidade para pacientes fora de grupos de risco como um fator favorável ao isolamento vertical (em que somente pessoas de grupos de risco ficam isoladas).  

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    Quanto a isso, Augusto disse que a coletiva do governo de São Paulo contou com médicos de diversos hospitais da capital e do chefe do Instituto Butantan, e todos eles defendem o isolamento social, e criticou a ideia do isolamento vertical. “Se formos adaptar a possibilidade do isolamento vertical para o estado de São Paulo, onde apenas 15% dos idosos moram sozinhos, grande parte dos que dividem suas casas com outras pessoas podem contrair a doença vinda de fora por pessoas de fora do grupo de risco”, afirmou.

    Caio então citou nova definição do governo federal, de que cidades com menos de metade de seus leitos disponíveis podem começar a abrir seus comércios, e citou outras experiências de combate ao coronavírus diferentes daquelas adotadas por grande parte dos países. “Na Suécia, foi adotado o modelo de isolamento vertical enquanto que na Noruega, Dinamarca e Finlândia, não. Os dados absolutos entre eles não se alteram muito, mas a vida segue na Suécia. A Coreia do sul não adotou testes em massa, e Israel defendem o ‘lockdown intermitente’, explorando o tempo de contágio. A discussão do jeito que segue faz parecer que quem não defende a quarentena individual parece não ter empatia”, afirmou.

    Sobre a flexibilização do isolamento para cidades com casos específicos, Augusto afirma que é preciso coordenação entre estados, municípios e União. “Se for essa a opção dos técnicos, tenho certeza que fizeram baseados em estudos”. Sobre as diferentes experiências para lidar com a pandemia, Augusto diz que os casos levantados não levam em conta a realidade brasileira. “Na Suécia, os estabelecimentos estão abertos, mas vazios. O estudo israelense que defende o isolamento intermitente diz que nos dias que você precisa sair para trabalhar, deve observar critérios rígidos de higiene, que espaços públicos sejam desinfetados após pessoas passarem por ele, e diz que é necessário fazer testes em massas. Os textos divergentes muitas vezes se restringem a uma realidade que não é nossa”, disse.

    Considerações finais

    Em sua consideração final Caio defendeu o debate democrático e a troca de ideia, e que “o objetivo do debate é enriquecer o debate público”, e terminou dizendo: “Não podemos ter imprensa subserviente às falas de alguns políticos. É um falso dilema este de saúde VS economia. Concordo que vidas não se recuperam, mas em uma recessão econômica, morrem muito mais pessoas.”

    Augusto também elogiou o espaço de debate democrático e disse: “Muitos esperam frases lacradoras, mas o momento agora é o de salvar vidas”.