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    Nunca imaginei, diz aluna que se formou na 1ª turma com cotistas do Direito USP

    À CNN Rádio, Letícia Chagas contou a trajetória que teve durante a graduação e disse esperar que pessoas negras e periféricas ocupem cada vez mais espaços

    Letícia Chagas se formou em Direito pela USP
    Letícia Chagas se formou em Direito pela USP Divulgação/Arquivo Pessoal

    Amanda Garciada CNNLetícia Vidica

    A Faculdade de Direito da USP formou a primeira turma que teve vagas reservadas para pretos, pardos e indígenas.

    Além desse ineditismo, a tradicional faculdade do Largo São Francisco formou também a primeira mulher negra a presidir o Centro Acadêmico 11 de Agosto: Letícia Chagas.

    Em entrevista à CNN Rádio, no CNN No Plural, ela contou que “nunca imaginou” que chegaria até aqui: “Fui oradora da turma, fiquei feliz com a oportunidade, minha família se emocionou.”

    “Foi um momento muito importante porque foi uma vitória individual, mas coletiva também”, disse.

    A bacharel em Direito espera que “pessoas negras e periféricas possam ocupar esse espaço” daqui para frente.

    Letícia é filha de pai caminhoneiro e mãe empregada doméstica, que não terminaram o Ensino Médio, mas que sempre trabalharam para que ela apenas focasse nos estudos.

    “Tenho uma irmã mais velha que abriu todas as portas para mim sobre escolas públicas, desde pequena sabia o que era uma universidade pública”, disse.

     

    Letícia explicou que teve medo de fazer parte da primeira turma de cotas: “Eu já havia feito ETEC, que é um ambiente muito branco, tinha medo disso, mas acabei construindo política coletiva dentro da faculdade, me aproximei dos outros alunos da política de cotas.”

    De acordo com ela, “a entrada da turma de cotistas muda não somente a universidade por dentro, mas permite que estudantes que são filhos de pedreiro, Uber, garis passem a ser parte da construção de um novo país.”

    “Tenho visto pessoas contra as políticas de cota, mas isso se dá pelo desconhecimento, porque é ela que permite que o pobre entre na universidade”, analisou.

    No futuro ela diz que continuará na política, que é “um instrumento de transformação”: “Pretendo levar a causa para a política institucional que é um espaço tão branco quanto era o da faculdade de Direito da USP”.

    *Com produção de Camila Olivo