Projetos apostam em alternativas para cultivo de alimentos em centros urbanos
Iniciativas como fazenda vertical são uma opção para produção controlada de alimentos
Laboratórios adaptados com temperatura, iluminação e nutrientes controlados são apostas de empresas e pesquisadores em grandes centros urbanos, como São Paulo, para oferecer alimentos de qualidade em projetos sustentáveis. A ideia é vista como alternativa para o que pode ser a produção do futuro.
Alface lisa, roxa e vários tipo de brotos, como rabanete, alho poró e couve, estão entre os itens plantados no galpão em que fica a maior fazenda vertical urbana da América Latina. O projeto de uma horta “high tech” foi desenvolvido por três amigos engenheiros há quatro anos na Pink Farm. Ao pesquisar tecnologias, eles descobriram o cultivo em ambiente controlado.
“Nosso objetivo é estar mais perto do consumidor, produzindo a poucos quilômetros do local do consumo. Como conseguimos reproduzir sempre as mesmas condições, a planta sempre tem a qualidade que a gente espera”, afirma o sócio Mateus Delalibera.
As salas de cultivo são fechadas e climatizadas. A produção das hortaliças usa a técnica de hidroponia, em que os alimentos crescem sem o uso do solo, apenas com as raízes na água e nutrientes. O sistema não utiliza agrotóxicos e é sustentável, já que economiza 95% da água que seria usada em uma plantação tradicional e ainda já sai limpo do local onde é cultivado.
A mistura de luzes azuis e vermelhas fornece para a planta os componentes de luz necessários para o processo de fotossíntese (quando a planta transforma a energia solar em matéria orgânica, substâncias necessárias para sua sobrevivência).
Atualmente, a capacidade de produção é de três toneladas por mês, comercializadas em 80 pontos de varejo da cidade, incluindo restaurantes, hortifrutis e supermercados.
Um cafezal urbano cultivado desde a década de 50 bem no meio de São Paulo tem 10 mil metros quadrados de plantação, com aproximadamente 2 mil pés de café do tipo arábica. O objetivo é aprimorar as pesquisa científicas na área, desenvolver técnicas de plantio e colaborar no combate de pragas.
O desafio agora é conseguir oferecer outras variedades de grãos que produzam mais e que sejam ainda mais resistentes. Só há duas variedades de café por lá no momento – mundo novo e Catuai. “A partir deste ano, vamos começar a fazer uma renovação por partes. Vamos plantar mais umas quatro variedade de café pra que a gente possa disponibilizar todas as nossas as pesquisas e poder demonstrar, nas mesmas condições, como colocar variedades diferentes, para que as pessoas possam vir e conhecer qual é o comportamento das mesmas variedades em relação a isso”, diz a engenheira agrônoma Hamuri Hojo, responsável técnica pelo cafezal.
Para o professor de urbanismo da USP Carlos Faggin, a sociedade já entendeu a importância de existirem espaços verdes e sustentáveis em meio à cidade, mas ainda é necessário que haja incentivos para equilibrar a rotina urbana com uma melhor qualidade de vida. “É uma coisa muito valorizada, fala-se muito disso. As áreas verdes também são áreas de lazer em São Paulo, há muitos parques públicos usados para essa finalidade.”