Nós pioramos o que já estava ruim, diz professor sobre dados da educação
À CNN Rádio, o professor João Batista Oliveira afirmou que o desempenho dos alunos da educação básica está estagnado há anos
“Os resultados são preocupantes, mas mais preocupante ainda é o pano de fundo. Ou seja, os dados dos anos anteriores.” É o que defende o professor João Batista Oliveira sobre o resultado do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2021, em entrevista à CNN Rádio.
O estudo revelou uma diminuição na média de aprendizado em todas as séries avaliadas.
O resultado do Saeb é um indicativo da qualidade do ensino brasileiro, e a diminuição da média, comparada com a edição anterior, é um recorte do efeito da pandemia na educação.
“As redes públicas ficaram praticamente no mesmo patamar, porque não havia como cair. Elas não melhoram desde 2005”, aponta o presidente do Instituto Alfa e Beto.
Causas
De acordo com ele, há duas razões principais para esses resultados.
A primeira vem do fato de o “aluno não chegar preparado para o Ensino Médio após os anos de educação básica.”
A segunda é de que “o Ensino Médio oferecido não é adequado, pois não há diversificação, ou personalização.”
Sobre o recorte da pesquisa em ano de pandemia, o professor lembra que “houve baixo grau de participação” por causa dos índices de evasão escolar e outros fatores decorrentes desse período.
“Portanto, o resultado real poderia ser ainda pior, se todos os alunos tivessem participado.”
Diagnóstico
Para João Batista Oliveira, o principal diagnóstico para reverter o quadro é definir “o próximo passo específico em cada rede”, a partir de “instrumentos adequados, para saber onde os alunos estão e como estancar o atraso deles.”
Por isso, o professor aposta em reformas em diferentes níveis de governo.
No âmbito federal, além de “aprimorar o sistema de financiamento, avaliação e provisão de materiais”, o principal é “criar novas perspectivas para jovens virarem professores”, de acordo com o presidente do Instituto Alfa e Beto.
Já no âmbito estadual, o professor reforça que é importante trabalhar com todas as modulações das redes de ensino.
“Um dos grandes desafios para o governo do estado é cooperar com os municípios, e municipalizar o ensino”, indica.
Ele também vê a necessidade de “diversificar o Ensino Médio, pensando em um projeto que considere o mercado de trabalho”.
*Com produção de Isabel Campos