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    Vídeo: veja interação de indígena isolado com comunidade ribeirinha

    Jovem teve acompanhamento da Funai para retornar ao povo; especialistas apontam que encontros voluntários são raros

    Thiago Félixda CNNVitor Bonetsda CNN* , São Paulo

    Um encontro inusitado aconteceu na última quarta-feira (12), quando um jovem indígena de povos isolados da região de Mamoriá Grande, no Amazonas, se encontrou com uma comunidade ribeirinha situada no rio Purus.

    De acordo com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), o jovem que fez contato de maneira voluntária foi acompanhado pelo órgão federal para o retorno ao seu povo, além de todos os cuidados para que não haja contágio de alguma doença que poderia ser fatal para sua comunidade.

    Nas imagens é possível ver uma pessoa interagindo com o locais e aprendendo a manusear um isqueiro, tecnologia desconhecida dos indígenas que não têm contato com o restante da sociedade.

    Veja vídeo

    A CNN conversou com a especialista e ativista em direitos indígenas, Soraya Zaiden, sobre essas possíveis interações e a política de contatos com esses povos.

    “O Brasil tem essa política de não contato desde 1987 e quando eles quiserem fazer o contato, eles devem ter a iniciativa, mas são raras, geralmente os encontros são terríveis. Como eles não querem [o contato], pode ter embate e até mesmo morte. Nesse caso, foi a iniciativa de apenas um isolado.”, diz Soraya,

    O indígena não é obrigado a voltar para sua região de origem, a Funai estabelece proteção ao desejo de retorno ou não.

    “Ele tem toda a autonomia para tomar a decisão. A Funai tem que preservar a integridade física dessa pessoa. Se ela quiser habitar com outra comunidade, a Funai tem que dar a proteção. Quando acontece esse tipo de deslocamento, precisa ser acompanhado o tempo inteiro”.

    Soraya Zaiden, ativista em direitos indígenas

    Especialistas denunciam a proximidade de invasores na região do Mamoriá Grande, para atividades ilegais, como pesca e extração de madeiras, que impactam em espaços de povos isolados.

    Povos isolados

    No Brasil, a Funai reconhece a existência de aproximadamente 114 registros de povos indígenas isolados, majoritariamente na Amazônia. A Constituição Federal garante a esses povos o direito de manter sua cultura e modo de vida, protegendo-os de ameaças externas e assegurando seus direitos territoriais.

    A política de proteção a esses povos é conduzida pela Funai, o objetivo é monitorar e proteger o entorno das áreas habitadas, além de demarcar as terras indígenas. A estratégia principal é o “não contato”, intervindo apenas em situações de risco iminente, priorizando a integridade física e cultural dos grupos.

    Além da demarcação de terras, a Funai utiliza o instrumento da “Restrição de Uso” para áreas onde há presença de isolados fora de terras já demarcadas, impedindo o acesso de terceiros. Em colaboração com o Ministério da Saúde, a Funai também implementa ações de atenção diferenciada à saúde desses povos.

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