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    No Dia do Orgulho LGBTQIA+, eu celebro o fato de estar vivo, afirma drag queen

    À CNN Rádio, o apresentador e jornalista Ikaro Kadoshi afirmou que a autoaceitação é “um processo diário”

    O apresentador e drag queen Ikaro Kadoshi
    O apresentador e drag queen Ikaro Kadoshi Reprodução/Facebook

    Amanda GarciaRafael CâmaraLetícia Brito

     

    O Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+ é comemorado todo 28 de junho – em referência ao movimento de Stonewall, nos Estados Unidos, em 1969.

    Em entrevista à CNN Rádio, no CNN no Plural, o apresentador, jornalista e drag queen Ikaro Kadoshi explicou a importância da data para ele.

    “É um dia de se orgulhar de estar vivo, literalmente”, afirmou. Ele lembrou que 262 pessoas “morreram por sem quem são” no ano passado.

    Cinco pessoas que pertencem à comunidade LGBTQIA+ morrem por semana no Brasil: “É o país que mais mata essa população, e pelo 13º ano consecutivo, é quase uma guerra civil contra nós.”

    Mesmo assim, Ikaro pondera que houve conquistas desde os anos 70. “A última foi em 2020, com a possibilidade de homens gays poderem doar sangue. Parecia uma regra medieval, mas acontecia.”

    O trabalho de autoaceitação, de acordo com o apresentador, não para: “Estou descobrindo o que é ter orgulho de mim, com o mundo o tempo inteiro dizendo que eu não sou pertencente a lugar algum, é um processo diário e ininterrupto.”

    “O mundo me tirou muitos pedaços, tenho essa consciência, e quero cobrar com juros e correção monetária”, completou.

    Já são 22 anos vivendo como drag queen: “Ressignifiquei minha vida, perdi quase todos os meus amigos em 1999 e ganhei outros, um novo grupo de pessoas, mais acolhedor, as pessoas são diferentes entre si e na nossa comunidade não é diferente, fomos forjados pelo machismo, não estamos isentos.”

    “Ser um homem gay afeminado e drag queen me deixa fora de muitas oportunidades de convivência, mas você descobre que muitas pessoas estão livres desse preconceito.”

    Ikaro também chamou a atenção para o fato de Stonewall ser mundialmente conhecida, mas que é necessário “olhar para a nossa história”: “Em plena ditadura, em 1964, já existia luta contra o sistema opressor.”

    “Temos uma história rica de embate e que é inviabilizada, a gente não valoriza a própria história”, avaliou.

    Para o jornalista, a revolução de drag queen é recente e “retoma o lugar de direito”: “A arte tem que estar em todos os lugares, as drag queens estão tendo chance, foi preciso uma nova geração para que o mundo entendesse que outros tipos teriam que ter voz, e que bom que não desisti”.