“Não sabia o que ia acontecer comigo”, diz vítima do Maníaco da Mooca
Jovem de 16 anos contou que percebeu que a abordagem não se tratava de um assalto
A Polícia Civil de São Paulo busca por um homem suspeito de atacar mulheres nas ruas da zona leste da capital. Conhecido como “Maníaco da Mooca”, ele é responsável por aterrorizar moradoras na zona leste da capital paulista. Uma das vítimas contou à CNN que não sabia o que aconteceria com ela após a abordagem.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, ele já foi identificado. A prisão temporária de Solirano de Araujo Sousa foi decretada pela Justiça de São Paulo.
O veículo utilizado para os crimes foi encontrado pelo setor de inteligência das investigações, ao cometer os ataques a placa foi retirada pelo criminoso.
O suspeito tinha passagens por roubo qualificado e sequestro relâmpago. Ele foi condenado a 11 anos e ficou preso entre 2000 e 2009”, afirmou Ricardo Salvatori, delegado responsável pelo caso no 57º DP em entrevista à CNN.
O delegado ainda destacou que, a partir da identificação do suspeito e da apreensão do carro que ele utilizava para praticar os ataques, é uma questão de tempo para que o suspeito seja preso.
Relato da vítima
Moradora do bairro desde 2022, a jovem relatou à CNN que, antes do atentado, sempre voltava tarde para casa, sozinha ou na companhia de amigas.
A vitima relata que no dia do ataque estava indo buscar o irmão na escola, o que faz há cerca de um ano. Ela conta que o homem estava na calçada, fumando cigarro e não aparentava nada de diferente.
Ao tentar desviar do maníaco, a vítima conta que foi abordada por ele. O anúncio do assalto precedeu a ameaça de morte, caso ela tentasse alguma reação. A surpresa, paralisou a jovem de 16 anos.
“Ele segurou no meu braço e tentou me arrastar para dentro do carro”, relata. Veja a abordagem:
Jovem disse que maníaco não tinha intenção de roubá-la
O desespero fez com que a vítima oferecesse o próprio celular para o homem, suplicando para que ele a deixasse partir, explicando que precisava buscar o irmão pequeno na escola.
“Ele não demonstrou interesse nenhum no meu celular, eu entendi que não era só um assalto aquilo”, relatou o momento que entrou em desespero.
A incerteza ou desconfiança sobre o que aconteceria com a jovem, se entrasse no carro, fez com que ela reagisse e começasse a pedir por ajuda, aos gritos. Uma testemunha, dentro de um carro, sinalizou ao maníaco que havia presenciado a cena, e começou a buzinar.
“Foi aí que eu saí correndo e atravessei para o outro lado da rua”, disse aliviada.
A jovem diz que não conseguiu reparar no estado do agressor, se ele apresentava estar em estado de alteração causado por alguma droga. O delegado Ricardo Salvatori, responsável pela investigação do caso do maníaco da Mooca, revelou à CNN, nesta quinta-feira (19), que o criminoso era dependente químico.
Ela confessa que, por ser um trajeto “comum”, ao qual estava acostumada, não estava muito atenta. O ataque aconteceu de forma rápida e inesperada.
“Eu estava andando dispersa, não fiz contato visual com ele. (…) Eu só reparei no carro dele e continuei andando”, disse.
Embora não possa testemunhar a expressão do homem, a vítima disse que a agitação na fala do agressor era perceptível.
A jovem contou à reportagem da CNN qual foi a sensação que teve nos momentos em que o homem atentou contra ela.
“Eu me senti indefesa na hora… Me senti desesperada, não sabia bem como eu ia sair dali. Não sabia o que ia acontecer comigo se eu não conseguisse sair”, relatou.
A vítima contou que ao sair daquela situação, seguiu com seu trajeto rumo a escola do irmão mais novo. Na volta para casa, relata que chorou ao refletir sobre o ocorrido.
Ela procurou a delegacia no mesmo dia da agressão, fazendo o reconhecimento facial do homem, através de analise de várias imagens.
A moradora do tradicional bairro de São Paulo explica que nunca teve problemas ou sequer ouviu relatos de assaltos ou atentados em série na região.
Advogado alerta para acolhimento da vítima
O advogado de duas vítimas, Jefferson Gilber, contou a reportagem da CNN que elas têm recebido mensagens de pessoas questionando se conheciam o criminoso, por julgarem que as mulheres não esboçaram grande reação ao serem abordadas.
Uma das vítimas se mostra consternada pela reação de algumas pessoas, que a colocam como possível culpada por aquilo que ela passou. Jefferson pondera que este momento deve ser de acolhimento e respeito às vitimas. Ele relata que as mulheres e suas famílias estão abaladas.
“Elas vêm sendo revitimadas, [as pessoas estão] culpabilizando elas por atos de um criminoso”, pondera Gilber, alegando que tal atitude descende de uma sociedade com pensamentos machistas.
Polícia identificou 7 vítimas
Os agentes não confirmam que todos os ataques aconteceram no mesmo dia. Todas as sete mulheres já registraram boletim de ocorrência, mas o número de vítimas pode ser ainda maior.
A CNN obteve acesso a imagens de câmeras de segurança que mostram alguns dos ataques. Veja abaixo.
Neste vídeo, o suspeito de casaco azul e boné vermelho estaciona o carro logo após um ponto de ônibus, onde uma mulher está parada. Ele sai do veículo e ataca a vítima.