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    Não existe plano de emergência nuclear sem estradas, diz prefeito de Angra

    À CNN, Fernando Jordão voltou a pedir pela paralisação das atividades de Angra 1 e 2 enquanto estradas não forem liberadas

    Elis FrancoGiovanna Galvanida CNN , em São Paulo

    O prefeito de Angra dos Reis (RJ), Fernando Jordão (MDB-RJ), voltou a pedir pela suspensão das atividades nas usinas nucleares Angra 1 e 2 devido aos danos nas estradas que dão acesso à cidade, causados pelas fortes chuvas registradas nos últimos dias na região.

    Em entrevista à CNN nesta segunda-feira (4), Jordão disse que os moradores da cidade estão “ilhados” e que “não há plano de emergência de usina nuclear sem estradas”, mesmo com as operações normalizadas nas usinas, segundo a Eletronuclear.

    “Como vamos falar de plano de emergência de usina sem estrada? A população nunca teve problemas com as usinas, eu sou a favor delas. Mas não não existe plano de emergência sem estrada. Estamos ilhados”, declarou.

    O presidente da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães, afirmou à CNN no domingo (3) que o desligamento das usinas de Angra geraria um problema técnico neste momento. “As usinas estão operando normalmente, em plenas condições de segurança. Não existe razão técnica para interromper o funcionamento das usinas”, disse ele.

    A Eletronuclear afirmou também que o Plano de Emergência Externo (PEE) para a central nuclear de Angra dos Reis não foi comprometido com as barreiras nas estradas.

    A Diretoria de Radioproteção e Segurança Nuclear da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) afirmou que, se houver qualquer situação que inviabilize a execução do PEE, caberia considerar o desligamento das usinas.

    “Entretanto, apesar da situação decorrente das condições meteorológicas na região de Angra dos Reis, até o presente momento não há comprometimento das vias de acesso do entorno da Central, que pudessem impactar na execução do Plano de Emergência”, disse a CNEN, que continua monitorando a situação.

    Já o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI) declarou, também em nota, que vem “acompanhando a situação das chuvas na região de Angra dos Reis-RJ, onde está localizada a Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), levando em consideração os procedimentos previstos no Plano de Emergência Externo (PEE) para a CNAAA”.

    “Até o presente momento, os danos causados pelas fortes chuvas registradas nos últimos
    dias não impedem a execução das ações previstas no PEE/RJ”, finalizam.

    Mesmo sem a questão das usinas, porém, Fernando Jordão destacou que é necessário realizar o quanto antes os ajustes necessários para liberar as estradas interditadas.

    “A Rio Santos está interrompida. A falta de manutenção é de muitos anos, e agora a estrada está concedida para a CCR. Tenho certeza que a CCR vai fazer a intervenção que tem que fazer, [já que] ela é a responsável pela Rio-Santos”, declarou.

    Jordão referiu-se à concessionária que administra a rodovia Rio-Santos. Segundo ele, é necessário que a CCR esteja presente na cidade — um pedido que teria sido feito pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) ao presidente da CCR em uma ligação no domingo, relatou o prefeito de Angra dos Reis.

    Em nota divulgada no domingo (3), a CCR afirmou que “desde a madrugada da última sexta-feira (1º), a CCR RioSP está empenhada em minimizar os impactos causados na rodovia pelas fortes chuvas que atingem Ubatuba, litoral norte de São Paulo, Paraty, Mangaratiba e Angra dos Reis, no estado do Rio de Janeiro”.

    “No estado do Rio de Janeiro, em Paraty, foram liberados três locais. No km 592, o tráfego flui por um desvio aberto no local. Em Angra dos Reis, os trabalhos das equipes contribuíram para a liberação parcial de nove trechos. Destes, em quatro pontos o tráfego flui parcialmente. Em outros cinco locais, não há mais interdição de faixas. Em Mangaratiba, foram liberados nove trechos”, complementam.

    Também no domingo, o Governo Federal, por meio do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), reconheceu a situação de emergência em Angra dos Reis. Com isso, Angra dos Reis pode pedir recursos para ações de resposta, como socorro e assistência humanitária e restabelecimento de serviços essenciais, além de reconstrução das áreas atingidas pelo desastre.

    Vítimas e desabrigados

    As fortes chuvas trazidas por uma frente fria atingiram cidades do estado do Rio de Janeiro na noite de sexta-feira (1º) e madrugada do sábado (2). Ao menos 17 pessoas morreram devido aos impactos dos temporais até o momento.

    Um deslizamento em Angra dos Reis resultou na morte de oito pessoas no município. Outras três pessoas, de acordo com os relatos de parentes, estão desaparecidas.

    De acordo com Fernando Jordão, há 314 pessoas em 38 abrigos temporários abertos pela prefeitura em escolas da região. Além disso, as casas serão reconstruídas e, no meio tempo, as famílias receberão auxílio-aluguel, relatou o prefeito.

    *Com informações de Artur Nicoceli e Isabelle Saleme, da CNN

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