MPF vê possível relação entre munição que matou Marielle e milícia do Rio
A PF tem até até a primeira quinzena de agosto para concluir as diligências pedidas pelo procurador Eduardo Benones
No pedido feito para que a Polícia Federal continue investigando como munições vendidas exclusivamente para o órgão foram parar nas mãos dos matadores da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista dela, Anderson Gomes, o Ministério Público Federal aponta relação entre o duplo assassinato e a milícia que atua no Morro do Fubá, em Campinho, Zona Norte do Rio.
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A CNN apurou que o MPF tem indícios de que o desvio das munições tem relação com outras organizações criminosas, sobretudo com a que atua no Morro do Fubá.
O órgão apura se há uma forma comum de obtenção das armas para o cometimento de crimes no Rio de Janeiro. Marielle Franco foi morta em março de 2018. Os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz são réus e respondem pela execução crime.
A PF tem até até a primeira quinzena de agosto para concluir as diligências pedidas pelo procurador Eduardo Benones, coordenador do Controle Externo da Atividade Policial no Rio.
São quatro pedidos, de acordo com documento a que a CNN teve acesso. O MPF quer acesso aos interrogatórios de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, para comparar seus depoimentos sobre acesso as armas com investigações acerca da milícia que atua no Morro do Fubá.
O órgão também pede a realização de perícia entre as balas encontradas na morte de Marielle e a munição original do lote UZZ18, que está em posse da PF, para entender se houve a chamada “recarga”do cartucho ou se a munição era original.
A promotoria ainda pediu explicação para o fato de a empresa Companhia Brasileira de Cartuchos ter produzido 1,8 milhão de munições de um único lote, ao contrário do que determina o Exército Brasileiro – no máximo 10 mil cartuchos.
Por fim, o MPF solicitou acesso a trechos do inquérito que apura as circunstâncias da morte de Marielle e Anderson.
Nesta quarta-feira (22), a CNN mostrou que o MPF não concordou com o pedido de arquivamento da investigação sobre como as munições compradas pela Polícia Federal foram parar nas mãos dos réus pela morte de Marielle.
As 1860 munições 9 milímetros do lote UZZ18 da Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC), originalmente encaminhadas para a Polícia Federal em Brasília, em 2006, foram distribuídas para as superintendências de todo o Brasil.
Pouco mais de dois anos depois do crime, a PF solicitou, no dia 29 de junho, o arquivamento da investigação por não chegar a uma conclusão sobre como as munições foram parar nas mãos de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz.