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    MP-RJ tem 2º dia de operação contra braço financeiro de negócios de Rogério Andrade

    São 24 mandados de busca e apreensão para 19 endereços de empresas ligadas aos denunciados

    Stéfano SallesCamille CoutoThayana AraújoIuri Corsinida CNN , Rio de Janeiro

    O Ministério Público do Rio de Janeiro e a Polícia Civil deflagararam nesta quarta-feira (11) a segunda parte da Operação Calígula, contra uma rede de jogos de azar, supostamente liderada por Rogério de Andrade.

    Nela, segundo os investigadores, o ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado de ter executado a vereadora Marielle Franco (PSOL) e seu motorista, Anderson Gomes, em 2018, era um dos líderes.

    Desta vez, foram emitidos 24 mandados de busca e apreensão para 19 endereço de empresas ligadas aos denunciados, além de cinco pessoas físicas. As apurações dos investigadores indicam que todas essas personalidades jurídicas são de fachada e existem para garantir a lavagem de dinheiro dos recursos levantados pelos bingos clandestinos.

    Para o primeiro dia de operação, foram emitidos 29 mandados de prisão e outros 119 de busca e apreensão. Foram 30 denunciados acusados pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro. Ao todo, foram presas 14 pessoas. Entre elas, dois delegados da Polícia Civil, ambos licenciados: Marcos Cipriano, conselheiro da Agência Reguladora de Energia e Saneamento (Agenersa) e Adriana Belém, exonerada nesta quarta-feira do cargo de assessora da Secretaria Municipal de Esportes (SMEL).

    A investigação aponta que Andrade e Lessa eram responsáveis por uma organização criminosa que operava bingos clandestinos e contava com a cobertura de policiais corruptos, por meio do pagamento de propina. Em coletiva realizada na terça-feira, o promotor Diego Erthal afirmou que uma das hipóteses da investigação é de que Rogério Andrade seja o mandante do assassinato da vereadora.

    Delegados envolvidos

    O MP-RJ afirma que o delegado Marcos Cipriano intermediou um encontro entre Lessa e Adriana Belém, então delegada da 16ª DP (Barra da Tijuca), para um acordo que teria viabilizado a devolução de 80 máquinas de caça-níquel que tinham sido apreendidas no dia da inauguração de um bingo. Na casa da delegada, foram encontrados R$ 1,76 milhão em espécie. A operação apreendeu também 107 máquinas de caça-níquel, 17 celulares e cinco notebooks.

    Adriana Belém deixou a Corregedoria da Polícia Civil, no Centro do Rio, na manhã de quarta-feira, levada por dois policiais civis em uma viatura para o Instituto Médico Legal (IML). De lá, vai para o Instituto Penal Oscar Stevenson, em Benfica, Região Central. A unidade de triagem feminina funciona como porta de entrada para o sistema prisional fluminense. Está previsto que ela passe ainda nesta terça-feira por uma audiência de custódia.

    O delegado Marcos Cipriano foi levado na noite de terça-feira (10) para o presídio de Bangu 8, no Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste da capital. Ele passou por uma audiência de custódia, que não encontrou irregularidades na prisão. A Agenersa, onde trabalhava Cipriano, informou que não comenta decisões judiciais e que os fatos não estão relacionados às atividades da agência.

    A defesa de Cipriano criticou a prisão do cliente: “É absolutamente desnecessária e afrontosa a legislação, que exige que os fatos sejam contemporâneos, e causa estranheza uma prisão ser decretada por fatos ocorridos em 2018. Sua inocência será provada na Justiça”, afirmou, por meio de nota.

    A defesa de Adriana Belém, na mesma linha, alegou não ver a necessidade da prisão e analisa a possibilidade de impetrar um habeas corpus, “já que o Ministério Público requereu a prisão antes mesmo de a contagem de valores ser finalizada, prematuramente, e sem sequer dar chance de ela se explicar, o que será feito adiante”, afirmou, também por nota.

     

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