Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    MP investiga regra que permite cancelamento de matrículas de alunos por falta em SP

    Órgão quer apurar se medida da Secretaria Estadual de Educação constitui "possível violação de direitos"

    Estadão Conteúdo , Marcio Dolzan, do Estadão Conteúdo

    O Ministério Público de São Paulo instaurou um inquérito civil público para investigar a resolução da Secretaria Estadual de Educação que permite cancelar a matrícula de alunos da rede pública que apresentarem mais de 15 faltas consecutivas. O órgão quer apurar se há “possível violação de direitos”.

    No início do mês passado, a pasta publicou a resolução 25, na qual estabeleceu critérios e procedimentos para o lançamento de registro de Não Comparecimento (NCOM) na rede pública de ensino do Estado de São Paulo.

    Na avaliação dos promotores João Paulo Faustinoni, Bruno Simonetti e Fernanda Cassiano, que assinam a instauração do inquérito, a medida pode ser irregular porque é dever do Estado garantir educação básica, obrigatória e gratuita dos 4 aos 17 anos, bem como zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência escolar.

    Eles também consideram que a resolução contradiz outra, da própria secretaria, que veda a exclusão de matrícula de estudantes que não comparecerem às aulas ou abandonarem a escola. O inquérito foi aberto na sexta-feira (25), e a Secretaria de Educação tem dez dias para apresentar sua defesa.

    Para o educador Mozart Neves Ramos, professor da USP de Ribeirão Preto e ex-secretário de Educação de Pernambuco, a medida é equivocada.

    “Ela foi feita durante o período de férias de julho e, portanto, a comunidade, os professores, os gestores, não estavam acompanhando o dia a dia”.

    “No pós-pandemia, o que se observou, principalmente entre crianças e jovens, foi um desvínculo com as escolas”, ressaltou. “Aumentou muito o abandono escolar de 2019 a 2022. Isso é um problema que deve se agravar se medidas como essa se mantiverem.”

    Segundo o educador, em vez de cancelar as matrículas, a secretaria precisa investir para descobrir o que está levando os alunos a ficarem mais de 15 dias longe das escolas. “E procurar, a partir disso, dialogar com o Conselho Estadual de Educação e com o Ministério Público”, defendeu.

    A Secretaria de Educação foi procurada, mas não se manifestou até a publicação deste texto.

    Veja também: Mais da metade das escolas públicas sofrem com falta de banheiro e rede de esgoto

    Tópicos