MP denuncia guardas civis suspeitos de formar milícia na Cracolândia
Agentes podem responder por crime contra a administração pública e lavagem de dinheiro
O Ministério Público de São Paulo (MPSP) denunciou à Justiça, nesta quinta-feira (15), quatro guardas civis suspeitos de formar uma milícia para extorquir comerciantes da Cracolândia. Os quatro denunciados, dois ex-GCMs e dois agentes, foram presos no começo deste mês em meio à Operação Salus et Dignitas, deflagrada para combater um “ecossistema de crime” na região central da capital paulista.
Eles podem responder pelos crimes de concussão — que consiste em exigir vantagem indevida por meio de cargo público — e lavagem de dinheiro. Ao apresentar a denúncia, o MPSP pediu a suspensão cautelar de um dos guardas diante de indícios de que ele pode prosseguir nas atividades ilícitas.
Elisson de Assis, um dos acusados, foi expulso da Guarda Civil Metropolitana em 2023, após a Prefeitura de São Paulo apurar denúncias envolvendo o então agente, e Rubens Alexandre Bezerra foi expulso da corporação em julho de 2019. Já os guardas-civis Antônio Carlos Amorim Oliveira e Renata Oliva de Freitas Scorsafava foram afastados e o processo de expulsão ainda está em andamento.
De acordo com a investifação do Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), os denunciados exigiam dinheiro de empresários da região da Cracolândia como uma “taxa de proteção” contra possíveis ataques por parte de dependentes químicos.
Em um áudio obtido pela Promotoria, um dos guardas afirma que, caso algo acontecesse alguma situação de insegurança com um dos comerciantes pagantes, 18 guardas civis seriam imediatamente destacados para fazer a segurança do local. Foi encontrada ainda uma lista indicando as empresas que haviam realizado o pagamento, assim como a data limite para o repasse de recursos.
Apenas na conta bancária de uma das integrantes da milícia, houve a movimentação de mais de R$ 240 mil.
Batizada de Salus et Dignitas — expressão latina que significa saúde e dignidade —, a operação teve participação do Ministério Público de São Paulo (MPSP), governo do Estado, Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Federal (PF), Receita Federal e do Ministério Público do Trabalho (MPT).
Cerca de 15 pessoas foram presas na operação, sendo cinco delas com mandado e outras 10 em flagrante.