Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Mortes de negros em ações policiais no Brasil são 2,8 vezes maiores que de brancos

    Levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostra que Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador são as três cidades com o maior número de mortes por intervenção policial

    Policial do Rio de Janeiro durante operação
    Policial do Rio de Janeiro durante operação PM-RJ

    Elis Barreto Rio de Janeiro

    Dados do Fórum Brasileiro de Segurança mostram que, dos 6.416 brasileiros mortos por intervenção policial em 2020, 78,9% eram negros. A taxa de letalidade em operações policiais é 2,8 vezes maior entre negros do que entre brancos.

    Pretos e pardos representam 4,2 vítimas a cada 100 mil habitantes, já entre os brancos, esse número é de 1,5 a cada 100 mil. Pessoas negras são as principais vítimas dessas ações em pelo menos 36 das 50 cidades com mais ocorrências de operações policiais no país.

    A cidade do Rio de Janeiro é a primeira no ranking, em números absolutos. De acordo com o levantamento, 415 pessoas morreram por intervenção policial na capital fluminense no ano passado. Destas, 82,2% eram pretas ou pardas.

    São Paulo vem em segundo lugar, com 390 mortes, sendo 65,4% de negros. E em terceiro aparece Salvador, com 381 mortes, com pretos e pardos representando 77,8% do total. No ranking das cidades com maior taxa de letalidade por 100 mil habitantes, a capital baiana ocupa a 34ª posição.

    Dos 15 municípios do Brasil com a maior taxa de mortalidade por intervenção policial por 100 mil habitantes, oito estão no estado do Rio de Janeiro: Japeri (24,6/100mil), Itaguaí(24,5/100mil), Angra dos Reis (19,3/100mil), São Gonçalo (18,2/100mil), Queimados (17,2/100mil), Mesquita (16,4/100mil), Belford Roxo (13,8/100mil), São João de Meriti (12,3/100mil).

    Segundo o sociólogo e cientista político, Paulo Baía, negros morrem mais que brancos em operações policiais pois a maior parte dessas ações ocorre na periferia, local onde há percentual maior de pretos e pardos que em outras regiões da cidade.

    “Essas operações são criticadas pelos moradores porque não se consegue reconhecer quem é criminoso e quem não tem envolvimento com o crime. O Brasil tem uma grande estrutura de desigualdade social, que se confunde com a de desigualdade racial. Para se ter esse tipo de ação é preciso muito planejamento para evitar a perda de vidas”, ponderou o especialista.

    A CNN solicitou um posicionamento sobre os dados à Polícia Militar dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador.

    As forças de segurança do Rio informaram que os dados “refletem um quadro histórico lamentável de desigualdade social, no qual os afrodescendentes têm ocupado a maior parcela da população vulnerável e, consequentemente, mais propensa a ser cooptada pelo crime organizado.” E enfatizou que “Não há, portanto, qualquer viés racial na atuação da Polícia Militar na sua missão de combater criminosos armados.”.

    As polícias militares da Bahia e de São Paulo ainda não responderam aos questionamentos da CNN.