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    Morte de Moïse mostra necessidade de debate sobre racismo, diz especialista

    À CNN Rádio, a advogada Alessandra Devulsky explicou como o colorismo e racismo “hierarquizam” pessoas

    Amanda GarciaLetícia VidicaLetícia Britoda CNN , em São Paulo

    A morte de Moïse Kabagambe, agredido com uma barra de madeira até a morte em um quiosque na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio, “reforça a necessidade de conversarmos sobre o racismo”, de acordo com a advogada Alessandra Devulsky, em entrevista à CNN Rádio, no quadro CNN no Plural.

    Ela explicou que existe o arquétipo de que o brasileiro é receptivo, mostra calor humano e boa vontade em entender o que a pessoa que não fala o português está tentando dizer, desde que ela seja branca.

    “Quando vem de países em desenvolvimento, como africanos ou mesmo do Haiti, a história é outra. Este é mais um caso trágico”, disse.

    De acordo com ela, o homem congolês, como Moïse, é “evacuado da humanidade, já que o racismo e o colorismo hierarquizam as pessoas”.

    Ou seja, “dá uma conotação de que a pessoa com pele mais escura não tem habilidades, é menos inteligente, bela, capaz, associamos características pejorativas à africanidade.”

    “Essas trágicas histórias vão continuar se repetindo até o momento em que conseguirmos olhar de maneira mais crítica e com vontade de sermos diferentes, nenhuma sociedade vai prosperar se só se comunicar com outras por meio de relação de força, entre opressor e oprimido”, completou.

    Alessandra explica que o colorismo é uma prática proveniente do processo de colonização da economia política do mundo. “O colorismo hierarquiza as pessoas de acordo com o tom de pele, com a quantidade de melanina que tem na pele, associamos peles mais escuras com traços da africanidade e brancas com europeus.”

    Ela ressalta, porém, que o colorismo vai além do tom de pele”:

    Formato do nariz, corpo, sexo, crescemos com um parâmetro de beleza, de comportamento e mesmo religioso da supremacia branca, colorismo é um braço articulado do racismo, de acordo com traços associados à africanidade e negritude de modo pejorativo.

    A especialista ainda disse que, em sociedades miscigenadas, “criamos negritudes no plural e, para organizar dentro de uma sociedade dessa, tem pretos de peles mais claras e escuras, indígenas, o colorismo é criado para organizar essas pessoas dentro de arquétipos de poder.”

    A CNN teve acesso a todas as imagens do circuito interno do quiosque e decidiu exibir os trechos que mostram a emboscada a Moïse. As agressões não serão exibidas.

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