Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Morre ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, aos 68 anos

    Costa foi preso pela Lava Jato em 2014 e se tornou o primeiro delator da operação

    Artur Nicocelido CNN Brasil Business

    em São Paulo

    Morreu no sábado (13) o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, aos 68 anos, de câncer de pâncreas. A informação foi confirmada à CNN por Cassio Quirino, advogado dele.

    Costa estava internado no Hospital Santa Teresa, em Petrópolis, no Rio de Janeiro. O ex-diretor da companhia deixa esposa, duas filhas, demais familiares e amigos.

    O velório de Roberto Costa será reservado para os familiares.

    O engenheiro foi preso pela Lava Jato em 2014 e se tornou o primeiro delator da operação. Ele foi condenado a mais de 70 anos de prisão em processos sobre a Lava Jato, no Paraná. Ele respondia em liberdade.

    Lava Jato

    Na segunda fase da Lava Jato, em março de 2014, Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras, foi alvo de um mandado de prisão temporária de cinco dias, acusado de tentar destruir provas sobre sua suposta ligação com o doleiro Alberto Youssef.

    Preso em São Luís (MA), Youssef foi apontado pela PF como o chefe de uma quadrilha especializada em lavagem de dinheiro.

    Três meses depois, por ordem do então juiz federal Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, o ex-diretor da Petrobras voltou a ser preso e teve US$ 23 milhões em contas bloqueadas na Suíça.

    Quando Alberto Youssef estava próximo de completar quatro meses de prisão em Curitiba, a Polícia Federal prendeu dois suspeitos de serem assistentes do doleiro: João Procópio de Almeida e Iara Godino da Silva. Eles foram detidos sob a acusação de serem “laranjas” de Youssef, movimentando contas que seriam alimentadas com recursos desviados da Petrobras.

    Em desdobramento da operação anterior, a Polícia Federal cumpriu 11 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro. Alvo de um mandado de condução coercitiva naquele dia, Marcelo Barboza Daniel, genro de Paulo Roberto Costa, estava em viagem nos Estados Unidos quando foi procurado por policiais. Do exterior, ele se colocou à disposição da Justiça para depor quando retornasse ao Brasil.

    Delação

    Paulo Roberto Costa foi a primeira pessoa a firmar um acordo de delação premiada na Lava Jato, após passar dois meses preso. O ex-diretor da Petrobras se comprometeu a colaborar com as investigações em troca de uma redução de sua pena.

    O depoimento do ex-diretor da Petrobras ajudou o Ministério Público a entender o funcionamento do esquema de desvio de recursos da estatal e chegar a outros envolvidos.

    Empreiteiras que mantinham contratos com a estatal superfaturavam os valores dos serviços que prestavam, por meio de contratos aditivos às obras. Os valores superfaturados eram usados para pagar propina a diretores da Petrobras e abastecer PT, PMDB e PP.

    Costa virou diretor da Petrobras em 2004, por indicação do ex-deputado federal José Janene, que morreu em 2010.

    Inabilitado pela CVM

    Em 2020, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) decidiu, por unanimidade, inabilitar por 15 anos para atuar em companhias abertas os ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa (Abastecimento) e Renato Duque (Serviços) por violação ao dever de lealdade.

    Os dois foram condenados por terem patrocinado e votado pela aprovação de fases do projeto da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, em troca de vantagens indevidas de construtoras para superfaturar as obras, como revelado pela Operação Lava Jato.

    Costa também recebeu uma multa de R$ 500 mil.

    À época, já condenados na esfera penal, os dois ainda poderiam recorrer da condenação administrativa ao Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional.