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    Moradores de Petrópolis relatam que sirenes não tocaram durante temporal

    Segundo consta no Plano de Contingência do Município para Chuvas Intensas, feito pela Defesa Civil, as sirenes de alerta deveriam ter soado diante do volume de chuva constatado

    Iuri CorsiniRafaela CascardoBruna Carvalhoda CNN , Rio de Janeiro

    Moradores da cidade de Petrópolis relataram à CNN que, em ao menos cinco pontos da cidade com risco de deslizamentos de terra, as sirenes de alerta não tocaram. Segundo o plano de contingência da defesa civil municipal, todos os equipamentos deveriam ter sido acionados diante do volume de chuva registrado na última terça-feira (15). Segundo o documento, caso chova 45 mm em uma hora e haja previsão de precipitação moderada e muito forte para as horas seguintes, as sirenes devem soar por duas horas. Na ocasião, foram registrados cerca de 260 mm de chuva em apenas quatro horas.

    Na cidade são ao menos 18 locais com sirenes de alerta. Muitas delas não funcionaram, como diz o estudante do Centro Federal de Educação e Tecnologia (Cefet), Breno da Silva Motta

    “Eu moro no bairro Independência. A uns 100 metros da minha casa tem sirenes que tocam quando chove, só que elas já não tocam há meses e durante esse tempo já ocorreram inúmeros temporais em que elas deveriam ter tocado. Nessa chuva de terça-feira elas também não soaram”, revela.

    Segundo ele, diversos de seus amigos também relataram não terem ouvido o alerta das sirenes. O estudante diz que, se os equipamentos tivessem funcionado como deveriam, vidas poderiam ter sido salvas.

    “A maioria das pessoas que moram em áreas de riscos saem de casa quando ouvem o toque da sirene, pois muitos têm receio do que pode acontecer. Quando colocaram as sirenes após o desastre de 2011, faziam testes esporádicos para ver em quanto tempo as pessoas se deslocavam até os pontos de apoio. Quando tinha uma chuva mais moderada, ela já tocava. Após um certo tempo, as sirenes pararam de tocar. Parece que houve um relaxamento dos órgãos competentes após um certo tempo sem ocorrer deslizamentos”, queixou-se Breno.

    O relato de Breno é o mesmo de Raíssa Magalhães, moradora do bairro São Sebastião, um dos lugares mais afetados pelas chuvas e deslizamentos. Ela disse que mora ao lado de um desses equipamentos preventivos e ele não tocou.

    “Estranhei muito a sirene não tocar, às vezes acontece de tocar com atraso, quando a chuva já começou. E toca repetidas vezes. Dessa vez, silêncio. Infelizmente as pessoas não saem de casa por conta própria, ficam no aguardo dos alertas”, relatou.

    Conforme dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), foi em São Sebastião o maior registro de chuva no dia da tempestade. No bairro, em apenas uma hora, choveu quase 80mm.

    O cozinheiro Júlio César, morador da rua 24 de maio, umas das vias mais afetadas com a tragédia, disse que perdeu tudo, assim como sua família, que mora na mesma rua que ele. Júlio foi mais um a denunciar o silêncio das sirenes. “Eu pessoalmente não ouvi sirene tocando. Tinha muita chuva, estrago total, uma cena de filme de terror”, narrou.

    A idosa Ângela Maria, que mora no Alto da Serra, corroborou com os outros denunciantes.

    Fotos – Impactos das chuvas em Petrópolis

    “No dia da chuva ninguém escutou sirene tocar. Não teve sirene, ela não tocou. Só escutei o barulho da chuva e as pessoas gritando por socorro”, reclamou.

    Conforme o Plano de Contingência do Município para Chuvas Intensas, “as sirenes emitem dois tipos de alertas: o de possibilidade de chuvas fortes, o de risco de deslizamentos generalizados e/ou inundações nas comunidades”.

    Locais com sirenes: Alto da Serra (Ferroviários); Bingen (João Xavier); Dr. Thouzet (Dr. Thouzet); Independência (Rua Ó e Taquara); Quitandinha (Amazonas, Ceará, Duques, Espírito Santo e Rio de Janeiro); São Sebastião (Adão Brand e Vital Brasil); Sargento Boening (Rua E); Siméria (Frente para o Mar); Vila Felipe (Campinho e Chácara Flora).

    Problemas com SMS

    O Plano de Contingência ainda destaca que a população deve ser avisada através de mensagens SMS, com alertas de previsão de chuvas e riscos de alagamentos ou deslizamentos.

    Também conforme os relatos recebidos pela CNN, muitas pessoas não receberam as mensagens, enquanto outras receberam quando já era tarde demais.

    “Não recebi SMS e eu acho que eu nunca recebi um comunicado do tipo alertando”, falou o estudante Breno Motta.

    A moradora do bairro São Sebastião, Raíssa Magalhães, também se queixou. Apesar de ter recebido a mensagem, relatou que o SMS chegou com atraso.

    “O mais estranho é que eu recebo notificações via mensagem por SMS da Defesa Civil e, nesse dia, eles só enviaram notificação quando já estava chovendo muito há pelo menos meia hora. Já era tarde demais”, relatou, dizendo ainda que quando recebeu a mensagem sobre o alerta de alagamentos, já passava das 17h, quando já chovia intensamente há mais de duas horas e a cidade já estava alagada.

    A CNN procurou a prefeitura de Petrópolis e a Defesa Civil da cidade para entender os problemas relatados pelos moradores. Confira nota abaixo da Defesa Civil.

    “Sobre as sirenes: Quanto a não ouvir depende muito da distância e da localidade. A sirene não foi feita para evacuar toda a comunidade, mas sim a área de risco determinada. Então, dentro da mesma comunidade tem áreas que não vai dar para ouvir mesmo.

    Sobre SMS: Os boletins de chuva forte foram emitidos das 10h da manhã. O SMS foi enviado por volta das 15h30 e as sirenes acionadas por volta das 16h40.”

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