Moradores de 4 em cada 10 cidades brasileiras faltaram à aplicação da 2ª dose
Busca ativa para completar a imunização contra a Covid é adotada por 80% dos municípios
Um levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM) mostra que quatro em cada dez cidades brasileiras apresentam dificuldades em completar o esquema vacinal da população contra a Covid-19 pelo não comparecimento na data definida nos postos de saúde para a aplicação da 2° dose. A pesquisa ouviu 1,7 mil prefeitos e foi publicada nesta sexta-feira (27).
O estudo revela que 40% dos municípios brasileiros, que participam da pesquisa, registram o não comparecimento por parte do público para a total imunização. De acordo com as prefeituras, as pessoas não comparecem na data determinada e não prestam esclarecimentos sobre a ausência.
O pesquisador em saúde pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Raphael Guimarães, traça um perfil do público que costuma rejeitar a aplicação do imunizante contra o novo coronavírus. De acordo com ele, a atitude de não querer vacinar contra a Covid-19 é “menos comum entre jovens e a população mais vulnerável. Os idosos não costumam rejeitar, isso é o mais importante. Quem toma essa atitude, normalmente, são pessoas de meia-idade”, disse.
Para a pesquisadora do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Ligia Bahia, a busca por um determinado imunizante faz com que a população não compareça para tomar a primeira dose. Ela afirmou que essa prática dificulta o combate à pandemia.
“As pessoas procuram por vacinas específicas nos postos de saúde e quando não acham o imunizante que querem e que agrada, eles não vacinam. Isso faz o calendário atrasar e dificulta o combate a pandemia no Brasil. Mas não tem rejeição pela vacina de um modo geral, e sim a preferência por alguma fornecedora”, explicou.
Dos municípios que registraram o não comparecimento e a rejeição por parte do público à vacinação, 80% disseram que adotam uma busca ativa e, consequentemente, vão à residência das pessoas que não se imunizaram, sendo que 74,8% também fazem o serviço por telefone.
A professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Gulnar Azevedo, concorda com a busca ativa e explica os principais motivos para as pessoas não retornarem para a segunda dose.
“As prefeituras têm que fazer isso mesmo, ir na casa das pessoas, entender por que elas não compareceram. A maior parte é idoso, ou quem tem comorbidade, e não consegue ir sozinho para vacinar. E no dia da segunda dose, por algum motivo, não tinha ninguém para levar. Também temos aquelas pessoas que acham que é para tomar só uma dose. Isso é falta de uma comunicação clara. Falta de campanha de vacinação”, finalizou.