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    Moluscos contaminados pela Maré Vermelha: governo paulista proíbe vendas na Baixada Santista

    Crescimento exacerbado de microalgas tóxicas pode contaminar mariscos, ostras e mexilhões; proibição vale para alimento produzidos a partir de 30 de julho

    Guilherme Gamada CNN São Paulo

    O governo de São Paulo proibiu a venda de moluscos bivalves, como mariscos, ostras e mexilhões, na Baixada Santista, no litoral de São Paulo. Os comerciantes das cidade de Peruíbe, Itanhaém, Cananeia e Praia Grande estão proibidos de comercializar estoques do alimento produzidos a partir de 30 de julho. A medida acontece acontece após amostras de água coletas pela Companhia Ambiental do Estado De São Paulo (Cetesb) apontarem quantidades da microalga Dinophysis acuminata acima do valor máximo permitido.

    As altas concentrações  estão relacionadas à proliferação exacerbada de microalgas tóxicas, fenômeno conhecido como Maré Vermelha. As toxinas se acumulam nesse animais, que se alimentam filtrando a água do mar, e podem causar dados à saúde dos humanos através da ingestão. Quatro resultados de análise da água foram publicados nesta segunda-feira (12), no Diário Oficial do estado.

    Dinophysis acuminata acima do valor máximo permitido

    • Praia de Guaraú, em Peruíbe (SP)
    • Balneário Gaivotas, em Itanhaém (SP)
    • Canto do Forte, em Praia Grande (SP)

    Dinophysis acuminata e Prorocentrum lima acima do valor máximo permitido

    • Praia de Itapitangui em Cananéia (SP)

    A ordem Prorocentrum agrupa outras algas também potencialmente tóxicas e com risco à saúde humana.

    A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP) informa que cabe a todo estabelecimento comercial segregar os estoques e não ofertar tais produtos para venda ou consumo no local, até novas orientações. Os comércios que forem fiscalizados pelas equipes de vigilância sanitária estaduais e municipais e estiverem vendendo os moluscos podem ser interditados de modo cautelar.

    A prefeitura de Praia Grande (SP) informa que está monitorando o aparecimento das microalgas e, até está quarta-feira (14), não tem nenhum caso suspeito de intoxicação humana, e nenhuma praia da cidade foi interditada devido ao caso. A prefeitura de Itanhaém (SP), por meio da Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente, informou que está acompanhando o caso e que não foram detectadas concentrações alarmantes dessa microalga nas praias da cidade. A CNN entrou em contato com as prefeituras de Peruíbe (SP) e Cananeia (SP) e aguarda retorno.

    Ao final do ano passado, a Secretaria informou que o litoral norte de São Paulo estava sob risco de contaminação de moluscos pela microalga do gênero Pseudo-nitzschia, que produzem substâncias tóxicas que podem causar de sintomas gastrointestinais a neurológicos, como amnésia e convulsões. O caso de infecção nesse tipo de alga é conhecido como envenenamento amnésico.

    Como a toxina chega nos moluscos?

    As microalgas são comuns no ambiente costeiro e fazem parte da cadeia alimentar dos ecossistemas marinhos — servindo principalmente como alimento dos organismos consumidores primários, como moluscos bivalves e peixes filtradores, como as sardinhas, que filtram a água do mar em busca de alimentos microscópicos.

    “Elas são como plantas no ambiente terrestre: fazem fotossíntese e servem como primeira fonte de energia para outros seres vivos”, explica Luiz Laureno Mafra Jr, oceanógrafo doutor em Biologia e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em entrevista à CNN.

    Algumas espécies dessas microalgas podem produzem toxinas que são liberadas na água do mar e entrem em contato com os moluscos. O risco é maior quando ocorre o fenômeno conhecido como Floração de Algas Nocivas (FAN), conhecido popularmente como Maré Vermelha. Nesse fenômeno, há um crescimento e domínio das algas tóxicas no mar.

    O professor destaca que ações antrópicas como o aquecimento global, com aumento das temperaturas dos oceanos, e despejo do esgoto no litoral, relacionado a eutrofização, podem levar o ambiente marinho a um estado de desequilíbrio, possivelmente relacionado à maior proliferação desses microrganismos.

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