Ministério da Justiça vai contabilizar casos de violência não registrados na polícia
Pesquisa Nacional de Vitimização, do IBGE, será utilizada pelo Ministério da Justiça para cobrir pontos cegos
O Ministério da Justiça, em parceria com o IBGE, começou a coletar casos de furtos e roubos que não foram comunicados à polícia. O mesmo levantamento também quer saber qual a sensação de segurança ou violência que as pessoas têm no país, inclusive a confiança nas autoridades da área, como policiais.
Esse recorte de dados chamado de Pesquisa Nacional de Vitimização foi incluído na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) nesta semana.
O governo, assim como entidades da sociedade civil já alertavam, passa a reconhecer que nem todos os casos de violência são formalizados em boletins de ocorrência. A falta de dados mais precisos influencia na formulação de políticas públicas.
Para o ministro da Justiça, Anderson Torres, “a inclusão desses dados no levantamento da PNAD é um grande avanço na produção de conhecimento para subsidiar as políticas públicas de segurança no Brasil. É preciso entender quais os gargalos enfrentados pela população para poder agir de forma precisa e efetiva, com foco em melhorar a vida das pessoas”, afirmou em nota enviada à CNN pela pasta.
Com isso, a PNAD Contínua vai apontar qual a “taxa obscura”, que mostra a diferença entre o número de crimes relatados e não relatados à polícia.
De acordo com o ministério, será possível traçar um perfil das vítimas de roubos e furtos desses crimes nos últimos 12 meses no Brasil, sob o ponto de vista socioeconômico, e identificar o que os moradores têm feito em seus domicílios para se protegerem da violência e da criminalidade.
Já no módulo “Sensação de Segurança” do levantamento, as informações coletadas poderão orientar na tomada de decisão sobre serviços públicos, como iluminação, transporte e instalação de parques ou quadras de esporte.
A conclusão da pesquisa, com análise das respostas, está prevista para o segundo semestre de 2022. A Secretaria de Gestão e Ensino em Segurança Pública (Segen), um dos departamentos do Ministério da Justiça, ficará encarregada disso.
Para este projeto, o IBGE destacou cerca de 2 mil agentes de coleta para realizar as entrevistas em 210 mil lares em todo o país.