Metas de Bolsonaro vão contra tudo o que ele já defendeu, diz Carlos Minc
"É curiosa a fala do presidente porque passou os últimos dois anos desmontando Ibama, dizendo que não há desmatamento nem queimadas," disse o ex-ministro
Em seu discurso na Cúpula do Clima, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) apresentou uma série de metas para reduzir o impacto do aquecimento global. Entretanto, para para Carlos Minc, ex-ministro do Meio Ambiente (2008-2010), as falas do presidente vão contra tudo o que ele faz e nos últimos dois anos.
“Metas são interessantes, mas vão contra tudo que Bolsonaro fez e falou nos últimos dois anos. Há distância entre intenção e gesto. É curiosa a fala do presidente porque passou os últimos dois anos desmontando Ibama, dizendo que não há desmatamento nem queimadas, não homologou um hectare de terra indigena,” disse Minc.
“Bolsonaro poderia começar a cumprir as metas tirando garimpeiros de terras indígenas, acabar com decreto que afeta a fiscalização do Ibama, desestimular a grilagem, o garimpo ilegal e os desmatadores.”
Dinheiro apenas com ações
O ex-ministro do Meio Ambiente também criticou os pedidos do governo por dinheiro estrangeiro, dizendo que as verbas vão chegar apenas com ações e que o governo federal atual está abrindo mão de mais de mais de R$ 1 bilhão em recursos externos por não agir para conter o desmatamento.
“Para ter remuneração é preciso ter serviço ambiental, ampliando áreas protegidas, ampliando áreas indígenas, fiscalização e combate a crimes ambientais, criando mecanismos a favor do extrativismo sustentável. Para ter pagamento é preciso mostrar serviço,’ disse Minc.
“Há R$ 1 bilhão utilizável do Fundo Amazônia que não é usado porque o Salles mudou as metas e os programas do ministro. Os países não querem mais dar dinheiro, mas o dinheiro existe. Há ainda R$ 800 milhões do fundo clima criado que não é usado porque o governo não acredita em mudanças climáticas e não apresenta programas para utilizar os recursos.”

*Sob supervisão de Elis Franco