43% das aeronaves para transporte privado e táxi-aéreo estão impedidas de voar
Quase metade das 11,9 mil aeronaves registradas no país está impedida de voar por algum tipo de irregularidade
Quase metade das 11,9 mil aeronaves registradas no país para transporte privado e para táxi-aéreo está impedida de voar por algum tipo de irregularidade, de acordo com os dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) de janeiro deste ano. O número total de aeronaves com algum tipo de pendência é de 5.110, número que representa 43% dos aviões privados ou de táxi aéreo do país.
As irregularidades mais comuns estão relacionadas à documentação vencida ou com inconformidades, mas em centenas de casos os motivos vão além da papelada. São 1.391 ocorrências relacionadas a aeronaves avariadas por acidentes e outras 463 por irregularidades técnicas. Em muitos casos, uma mesma aeronave é interditada por mais de um motivo.
Por região
Apesar de o Sudeste ser a região com maior número absoluto de aeronaves em situação irregular, é na região Norte do país onde, proporcionalmente, existe um número maior de aviões com pendências com a Anac.
De um total de 1.695 aeronaves, 1.108 (65% do total) estão irregulares na região Norte. Com 604 dos 869 aviões que circulam no estado interditados, o Pará tem sete em cada dez aviões com algum tipo de pendência ou problema. A proporção só é superada por Roraima, onde apenas 24% das aeronaves podem voar. Os demais estados da região Norte estão em situação semelhante, com o Tocantins sendo o único com mais de 50% das aeronaves em situação regular.
O Sudeste, puxado por São Paulo, é a região que possui maior frota do país, com 4.657 aeronaves registradas nos quatro estados. Desse total, 1.798 aviões (39%) apresentam algum tipo de irregularidade. O estado mais rico e populoso do país, é também o que registra maior número absoluto de aeronaves irregulares — 1.214, ou seja: quatro em cada dez aviões em São Paulo têm pendências. O Espírito Santo é o estado da região que tem melhor proporção de aeronaves em situação regular: 74%.
Centro-Oeste e Nordeste possuem percentual muito similar ao do Sudeste de aeronaves em situação irregular, são 41% e 43%, respectivamente. No entanto, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal possuem juntos quase o triplo da quantidade de aeronaves que o Nordeste.
No Centro-Oeste, Distrito Federal e Mato Grosso do Sul possuem a pior proporção de aeronaves irregulares: 46%. Já no Nordeste, o Sergipe é o campeão em aviões irregulares, com 67%, ou 12 das 18 aeronaves registradas para operar no estado. O estado com melhor proporção de aviões regulares do país é a Paraíba, onde 84% das 50 aeronaves está liberada para voar.
A região Sul é a que tem os menores registros de irregularidade, com 65% da frota em condições para operar. Das 1.540 aeronaves registradas nos três estados, 1.001 estão em situação regular. Entre os estados, o Paraná é o que possui maior frota e maior proporção de irregulares (36%). Já Santa Catarina é a que possui o melhor percentual de aeronaves liberadas para voo, 77% ou 241 das 312.
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Tempo de operação
Das 11.959 aeronaves registradas nas categorias de transporte privado e de táxi-aéreo, 269 estão em operação há mais de 60 anos. E são justamente as mais antigas que registram um maior percentual de irregularidades: 55%.
As aeronaves que operam há mais de 30 anos e menos de 60 anos são a maioria da frota nacional: são 4.991 aviões nessa faixa de tempo de uso. Desse total, 46% (ou 2.272) estão impedidas de voar por alguma irregularidade.
Os aviões que operam há menos de 30 anos são os que registram melhores números, com 85% em situação regular. Ao todo, são 694 com irregularidades de um total de 4.675 veículos.
Entre as aeronaves registradas para transporte privado e táxi aéreo, 2024 constam sem ano de fabricação na base de dados da Anac. Dessas, apenas três estão em situação regular.