Mercados operam com cautela de olho em guerra; IPCA-15 é destaque no Brasil
Futuros americanos abriram perto da estabilidade, mas mudaram para alta após notícias sobre a suspensão das negociações entre a estatal chinesa e a Rússia sobre um grande investimento de gás
Os mercados operam nesta sexta-feira (25) de olho nas tensões com a guerra na Ucrânia. No Brasil, a “prévia da inflação” de março é destaque.
Começando pelo exterior, os futuros americanos abriram perto da estabilidade, mas mudaram para alta com clima de cautela após notícias sobre a suspensão das negociações entre a estatal chinesa de energia Sinopec e a Rússia sobre um grande investimento de gás. O movimento feito pela maior refinaria da Ásia ressalta os riscos de aperto das sanções à Rússia, liderados pelo Ocidente.
Ainda que os chineses se mantenham neutros com relação à Rússia, especialistas dizem que a China começa a se preocupar com o reflexo da guerra nas empresas chinesas.
Também ajudou essa alta agora pela manhã uma fala do ministro das finanças alemão, que disse que o país estuda um pacote de 17 bilhões de euros para aliviar os preços da energia que tem subido por causa da guerra.
Para conter a crise de energia, americanos e europeus fecharam acordo para fornecer pelo menos 15 bilhões de metros cúbicos de gás dos Estados Unidos para União Europeia este ano. É um volume relevante, mas ainda bem inferior ao volume exportado pelos russos à Europa, que checou a 175 bilhões em 2021.
O presidente americano se reuniu com líderes europeus e outros membros da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) na quinta. Os países avançaram nos planos de impor mais sanções econômicas à Rússia e de aumentar os grupos de batalha em linhas de defesa no Leste Europeu.
O aumento dos preços de energia diante do aumento das sanções também eleva os temores de inflação e desaceleração da economia global.
Analistas avaliam que as bolsas tiveram uma forte alta no meio da guerra e agora o mercado está perdendo um pouco dessa confiança de novo.
Na Europa, os índices sobem. Na Ásia, fecharam majoritariamente no negativo, com China e Hong Kong puxando quedas diante de novos riscos de empresas de tecnologia serem deslistadas da bolsa americana.
Brasil
No Brasil, a alta das matérias-primas, pressionadas pela guerra, levaram o Ibovespa a engatar a sétima alta seguida e fechar aos 119 mil pontos ontem.
Os comentários do presidente e da diretora do Banco Central (BC) ontem, que sinalizaram que o ciclo de alta nos juros está perto do fim ajudaram a derrubaram a curva de juros futuros. Campos Neto afirmou que uma alta adicional de juros em junho deste ano não é o cenário mais provável.
Portanto, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve terminar o ciclo de alta na Selic – a taxa básica de juros – na próxima reunião. O alívio no petróleo também ajudou a trazer algum alívio nas expectativas sobre os juros.
Assim, o dólar chegou a bater R$ 4,76 na mínima, mas reduziu a perda e fechou com leve queda de 0,25% aos R$ 4,83.
Na política, as secretarias da fazenda estaduais decidiram congelar o ICMS (Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação) por mais 90 dias, e definiram que o valor fixo do ICMS vai ser de R$ 1, mas estados vão poder colocar um desconto sobre o valor. Na prática, é como se eles tivessem definido um teto e cada estado decide quanto vai dar de desconto.
Foi uma forma de fugir de um ICMS médio, que faria alguns estados perderem arrecadação. No fim das contas, a medida deve ter pouco efeito para reduzir preço dos combustíveis.
E em mais uma tentativa do governo de conter os impactos da inflação, o ministro Paulo Guedes anunciou que o governo deve elevar a desoneração do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para de 25% para 33%.
Foi divulgado nesta manhã a “prévia da inflação”, o IPCA-15 da FGV (Fundação Getúlio Vargas), que teve alta de 0,95% em março, com a insatisfação sobre a situação financeira no menor desde 2015.
Índices
O Ibovespa futuro sobe 0,23% com 120.278 pontos. O dólar cai 0,76% sendo cotado aos R$ 4,79 e o S&P futuro sobe 0,29%
Agenda do Dia
Além do IPCA-15 e do índice de confiança do consumidor, divulgados nesta manhã, tem fluxo cambial e Campos Neto participa de evento às 11h e a diretora do BC Fernanda Guardado às 12h30.
Nos EUA, dados de confiança do consumidor e vendas de imóveis, além de discursos de membros do FED – o banco central americano