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    Marília Mendonça: próximos passos e o que já se sabe sobre a investigação do acidente

    Peritos irão analisar fatores humanos e mecânicos em queda de avião que vitimou a cantora e mais quatro pessoas

    Destroços da aeronave com a matrícula PT-ONJ, que levava a cantora Marília Mendonça
    Destroços da aeronave com a matrícula PT-ONJ, que levava a cantora Marília Mendonça Divulgação/Polícia Militar de Minas Gerais

    Anna Gabriela Costada CNN*

    Em São Paulo

    O acidente aéreo que causou a morte da cantora Marília Mendonça e mais quatro pessoas na última sexta-feira (5), em Minas Gerais, está em processo de investigação e a conclusão do inquérito pode levar meses a ser concluída, segundo especialistas.

    Entretanto, nos últimos dias, algumas etapas do processo investigativo já avançaram para acelerar a conclusão sobre a causa do acidente. Apesar do esforço das autoridades, ainda há perguntas sem respostas, conforme explica o especialista em segurança de voo Roberto Peterka.

    Ainda são várias as perguntas sem respostas: por que o avião estava voando mais baixo do que ele deveria estar voando? Será que estava em uma emergência? Será que tinha tido algum problema? O que aconteceu para ele estar abaixo do que deveria estar? Como foi o planejamento? Como se desenrolou este voo?

    Roberto Peterka, especialista em segurança de voo

    A empresa Fervel Auto Socorro confirmou nesta segunda-feira (8) que a aeronave será levada ao Rio de Janeiro para nova perícia. Segundo o especialista em segurança de voo, a investigação se compõe basicamente em três áreas: o fator humano, o material e a interação entre máquina e ser humano.

    “O fator humano, que envolve a parte física e psicológica dos pilotos, avalia como que eles estavam com a saúde, se faziam uso de remédios, quais as consequências desses remédios, se tinha algo que os incapacitasse, como eles estavam fisicamente. Psicologicamente é avaliado se eles enfrentavam momentos difíceis na vida, se o que estavam passando poderia influenciar na tomada de decisão dos pilotos”, disse Peterka.

    A segunda análise, segundo o especialista, estuda desde o projeto do avião até a manutenção realizada.

    “Na aviação é assim: você apresenta um projeto, que é estudado. Caso não apresente falhas, então é autorizada a fabricação do avião. A fábrica tem que passar por vistoria para comprovar que será mantido tudo que estava no projeto e também que material estará sendo empregado, material comprovadamente seguro”, afirmou.

    “Nessa fase também será estipulado que tipo de manutenção que terá que ser feito para que seja considerado seguro, ou, como se diz, aeronavegável”, acrescentou o especialista.

    Por fim, a investigação inclui o quesito interação entre máquina e ser humano, que é o fator operacional.

    “É levado em consideração a manutenção que foi feita, se foi feita em oficina homologada, se a pessoa que fez a manutenção era credenciada, é analisado o treinamento que o piloto passou, a questão meteorológica, se houve planejamento”, afirmou.

    Cerca de 20 fatores, que estão relacionados com a interação entre o ser humano e o desempenho do avião, são analisados em investigação após um acidente aéreo, de acordo com o perito.

    Ele explica que, em alguns casos, a investigação pode demorar mais de um ano, a depender da complexidade do acidente.

    “Não tem prazo estipulado em função da complexidade e quantidade de exames laboratoriais nos equipamentos; alguns podem ser necessários no exterior, dependem da disponibilidade e a fila que aguarda pesquisas e análises. Mas isso não quer dizer que deixam de ser adotadas medidas de segurança. Durante a investigação, quando identificada uma medida necessária, é expedida uma recomendação de segurança para alguma correção”, explicou.

    O que já se sabe sobre a investigação

    As equipes da Polícia Civil finalizaram a perícia no local no último sábado (6), enquanto o trabalho das equipes do 3º Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, regional do Rio de Janeiro do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), foi concluído no domingo (7).

    O material coletado dos corpos vai ajudar a perícia a identificar o que provocou a morte dos ocupantes da aeronave.

    A transferência do bimotor para o Rio de Janeiro ocorrerá após a remoção de todas as peças e deve acontecer até terça-feira (9). A aeronave não possuía caixa preta, mas foi encontrado um geolocalizador, que será utilizado para confrontar o plano de voo. O dispositivo é uma das evidências para se compreender as causas do acidente.

    Até o momento, o que se sabe é que a aeronave voava abaixo do considerado ideal quando se chocou nos cabos da torre de energia. Segundo especialistas, saber os motivos da baixa altitude do avião é o fator principal a ser desvendado nesta investigação.

    Os investigadores de Caratinga, cidade onde ocorreu o acidente, fizeram o trabalho de identificação de testemunhas que presenciaram a queda.

    A identificação dessas pessoas e os depoimentos serão repassados aos investigadores do Terceiro Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa 3), que está responsável pela apuração da causa da queda da aeronave.

    Todos os objetos recolhidos na aeronave seguiram para o Instituto Médico Legal (IML) de Belo Horizonte para análise. A Polícia Civil vai aguardar os laudos de necropsia e do local do acidente para apresentar os resultados da investigação e a causa real das mortes de todos os ocupantes.

    MPT investiga denúncia contra empresa aérea

    O Ministério Público do Trabalho em Goiás (MPT-GO) abriu um inquérito para apurar possíveis irregularidades trabalhistas cometidas pela PEC Táxi Aéreo, empresa responsável pelo avião que caiu e causou a morte da cantora Marília Mendonça e mais quatro pessoas.

    Alvo de denúncias por parte dos funcionários, a companhia é investigada por possíveis desrespeitos a jornadas de trabalho e falta de descanso dos pilotos.

    A primeira denúncia anônima foi feita em maio deste ano, segundo o procurador-chefe do Trabalho, Alpiniano do Prado Lopes.

    Relembre acidentes aéreos com personalidades brasileiras

    (Com informações de Iuri Corsini, Thayana Araújo, Lucas Janone e Cláudia Tavares)