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    Maioria das vítimas de violência doméstica em SP tem entre 30 e 49 anos

    Prefeitura divulga levantamento sobre perfil da mulher vítima de violência atendida na cidade durante a pandemia

    Foto: Alejandro Martinez Velez/Europa Press via Getty Images

    Tamires Vitorio, da CNN, em São Paulo

    A Lei Maria da Penha, que prevê a criminalização de violência doméstica, completou 15 anos nesta sexta-feira (6). De acordo com a prefeitura da cidade de São Paulo, a maioria das vítimas que sofreu esse tipo de violência na cidade em 2020 tem entre 30 e 49 anos, ensino médio completo (65,36%) e renda de até dois salários mínimos.

    A prefeitura também afirma que as mulheres são, em sua maioria, brancas e heterossexuais. Do total de denúncias, 51% são brancas, 33,7% pardas e 13,8% pretas — um fato que parece fugir do esperado, uma vez que, em casos de feminicídio, 61,8% das vítimas em 2020 eram mulheres negras.

    Em nota à imprensa, Ana Cristina de Souza, da Coordenação de Políticas para as Mulheres da SMDHC, disse que “existe uma parcela considerável de agressões que não chega à assistência”.

    Ela explica que múltiplos fatores contribuem para que a mulher não consiga quebrar o ciclo da violência. “Podemos citar a dependência econômica do agressor, a falta de apoio da família. Mas o racismo explica uma parcela desta discrepância”.

    “Apesar de, na realidade, termos a mulher negra como principal vítima de violência e feminicídio, estes números não são acompanhados pelo volume de denúncias ou atendimentos, pois o racismo estrutural torna lugares, que a princípio deveriam ser portos seguros, ambientes potencialmente ameaçadores para a população negra”, afirmou. 

    Segundo Souza, as mulheres se sentem mais seguras nas Delegacias de Defesa da Mulher (DDM), que são especializadas e, portanto, orientadas a buscar ajuda nesses locais. 

    Violência atinge todas as mulheres

    Mas mulheres com renda superior a 20 salários mínimos estão igualmente expostas ao risco de violência, segundo a prefeitura. Embora o total seja muito baixo, proporcionalmente, o número mostra que “as chances de alguém nessa faixa de renda sofrer uma violência é praticamente equivalente ao do grupo com menor renda”.

    Na cidade de São Paulo, a renda média domiciliar no município é de R$ 3.443, segundo a Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados).

    “Os números comprovam que a violência contra a mulher atinge todas, indistintamente. E isso reforça que a raiz destas agressões é estrutural em nossa sociedade. A causa primordial é o machismo estrutural”, disse a secretária de Direitos Humanos e Cidadania, Claudia Carletto, em comunicado.

    Ao procurar a polícia, cerca de 65,6% das mulheres atendidas são responsáveis financeiramente por suas famílias, o que mostra como a independência financeira é importante para a quebra do ciclo de violência. 

    15 anos da Lei Maria da Penha

    A bioquímica Maria da Penha, de 76 anos, celebrou, na sexta-feira, os 15 anos da lei que leva o seu nome e salvou a vida de milhares de pessoas no país inteiro. 

    Em entrevista à CNN, Penha afirmou que “quando uma mulher se aproxima de mim e diz ‘eu fui salva pela sua lei’, isso não tem preço”.