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    Com críticas a religiões de matriz africana, mãe vandaliza livro infantil de Emicida

    Caso ocorreu em escola particular de Salvador (BA); instituição diz que vai repor o exemplar

    Manoela CarlucciLetícia Cassiano

    Um dos livros infantis mais vendidos no Brasil, a obra “Amoras”, do rapper Emicida, foi alvo de vandalismo em uma escola particular em Salvador, na Bahia. As frases atacando o conteúdo do livro que, entre outras coisas, explica de forma didática as religiões de matriz africana, foram encontradas em um exemplar da unidade de ensino na última segunda-feira (6), e foram escritas pela mãe de um aluno.

    A escola confirmou a informação à CNN e informou que, todos os anos, é feita uma proposta didática com as crianças chamada “Ciranda Literária”, que funciona como um empréstimo coletivo de livros. Cada criança traz um ou dois títulos para a escola a partir de uma curadoria do colégio com uma lista de sugestões. Neste ano, na lista estava incluso o livro “Amoras”. Cada semana, as crianças escolhem um livro diferente para levar para casa e realizar a leitura junto de sua família.

    Na segunda-feira, depois da realização do primeiro empréstimo, uma família procurou a escola para informar que o livro de Emicida estava vandalizado, repleto de anotações. O colégio informa que “neste momento, ao tomar ciência do fato, a escola recolheu o exemplar para a reposição (por outro igual), e agendou de imediato atendimento com a família que fez a compra do referido exemplar e assumiu a autoria das anotações”.

    No livro vandalizado, diversas frases foram escritas atacando as religiões africanas. Entre elas: “Antes de começar essa leitura, leiam ou peçam para lerem o Salmo 115; 4-8”. Em uma página em que Emicida escreveu “pode olhar, lá tudo é puro e profundo que nem Obatalá, o orixá que criou o mundo”, a mãe escreveu que essa afirmação é falsa e que a informação verdadeira é que “quem criou o mundo foi Deus o Criador.”

    Ao tomar conhecimento do ocorrido, Emicida publicou uma resposta nas redes sociais, em que disse, em vídeo, se sentir, acima de tudo, triste pelo ato de intolerância religiosa. No entanto, ele disse que vê a obra como vitoriosa, por “jogar luz em um assunto crucial, e que vem sendo cada vez mais discutido”.

    O rapper finalizou agradecendo aos professores que compartilham o livro com seus alunos: “eu sei das lutas que vocês enfrentam, das pessoas de todas as cores e de todas as fés que decidiram afirmar através desse gesto que o Brasil é imenso, e nós, enquanto brasileiros, por consequência, também precisamos ser. Vocês são gigantes e as nossas crianças, graças à postura de vocês, também serão”, disse.

    A Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, foi às redes prestar solidariedade ao rapper:

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