Mãe de Jeff Machado conta à Justiça como produtor de TV se fez passar pelo ator após assassinato
Na primeira audiência do caso, Maria das Dores Machado contou à Justiça que começou a receber mensagens incomuns do número do filho, que já estava morto


A mãe de Jeff Machado, Maria das Dores Machado, disse durante a primeira audiência sobre a morte do ator, nesta sexta-feira (27), que desconfiou que algo estava errado quando começou a receber mensagens incomuns de Jeff, após o dia 23 de janeiro, data do óbito.
“Percebi que as mensagens não eram do meu filho, pois ele escrevia muito bem e as expressões postadas nas mensagens eram com termos que ele não usava”, revelou.
Maria das Dores prestou o depoimento sem a presença dos réus, Bruno de Souza Rodrigues e Jeander Vinícius da Silva Braga. A mãe do ator também falou das transferências de dinheiro que fez a pedido do filho, que explicou que seriam destinadas a Bruno, que afirmava estar ajudando o ator a conseguir um papel no elenco de uma novela.
Irmão de Jeff, Diego Machado também estranhou as supostas mensagens do ator após o crime. Segundo ele, quando começou a desconfiar que não falava com o irmão, ameaçou fazer contato com a polícia.
“Imediatamente, após essa mensagem, o Bruno, com quem eu nunca tinha falado, me ligou. Disse que meu irmão tinha viajado para São Paulo e não deu mais notícias. Achei estranho e combinei com o Bruno de vir ao Rio, para irmos à casa do meu irmão”, relatou Diego.
A testemunha revelou ainda que, ao chegar na casa de Jeff, estranhou a forma como Bruno se referia ao irmão, sempre utilizando o tempo verbal no passado, como se ele não estivesse mais vivo.
“Além disso, encontrei a casa toda revirada, senti falta de alguns pertences do meu irmão, como notebook, celular, TV, e me pareceu muito claro que o Jefferson não tinha viajado para São Paulo, como o Bruno informou. As malas, toalha, escova de dentes do meu irmão estavam na casa, demonstrando que alguma coisa havia acontecido”, lembrou.
De acordo com as investigações, o produtor de TV Bruno Rodrigues prometeu um papel em uma novela para a vítima, de 44 anos, que pagou R$ 25 mil para conseguir a “vaga”. Ao perceber que não conseguiria manter a farsa, o suspeito teria assassinado o ator.
Ainda segundo a Polícia Civil fluminense, após o homicídio, Jeander levou o corpo a um imóvel alugado e o colocou em um baú, que foi enterrado e concretado. O cadáver foi encontrado somente em maio. Os réus também foram acusados de roubar pertences da vítima e usar seu cartão de crédito para fazer compras.
Além da mãe e do irmão de Jeff, a Justiça do Rio de Janeiro também tomou o depoimento do inspetor da Delegacia de Descoberta de Paradeiros Igor Rodrigues Bello, que trabalhou diretamente nas investigações do crime e disse ter certeza de que houve premeditação.
Em um depoimento de cerca de quatro horas, o policial contou todas as etapas da investigação. A premeditação, de acordo com o inspetor, ficou demonstrada por dois fatos: no final de 2022, Bruno começou a visitar revendedores de veículos na zona oeste, dizendo que levaria o carro de um amigo para vender.
O outro fato foi a compra da casa onde o corpo foi encontrado, realizada meses antes do crime. Os réus fizeram uma obra no imóvel, levantando um muro e cavando o buraco onde enterraram o baú.
Ainda segundo Bello, durante toda a investigação, Bruno manteve a história, tanto para a família do ator quanto para as autoridades, de que Jeff conseguiu uma chance de trabalho em São Paulo, e por isso deixou sua casa, seu carro para que ele os vendesse e seus cachorros para que ele tomasse conta.
O Ministério Público do Rio de Janeiro denunciou Bruno pelos crimes de homicídio quadruplamente qualificado (motivo torpe, emprego de asfixia, uso de recurso que impediu a defesa da vítima e para ter vantagem de outro crime); ocultação de cadáver; estelionato; crimes patrimoniais contra o espólio do ator; invasão de dispositivo eletrônico; falsa identidade e maus-tratos aos animais (abandono dos cães do ator).
Já Jeander é acusado de homicídio, ocultação e maus-tratos a animais.
A CNN tenta contato com a defesa dos acusados.
No total, 23 testemunhas, tanto de acusação como de defesa, tinham sido arroladas para a audiência. No entanto, em razão da quantidade de depoimentos, a Alessandra da Rocha Lima Roidis, da 1ª Vara Criminal do Rio, determinou que a sessão continue no próximo dia 11 de dezembro, a partir das 13 horas.