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    Lucro de produtos com biodiversidade pode não chegar aos povos indígenas, aponta pesquisa

    Secreção de rã amazônica kambô, medicina de povos originários da Amazônia, tem patente em 11 países

    Guilherme Gamada CNN , São Paulo

    O lucro de produtos que utilizam elementos da biodiversidade da Amazônia pode não chegar aos povos indígenas, aponta uma pesquisa feita a partir de um levantamento de dados na plataforma eletrônica Sistema Nacional de Gestão do Patrimônio Genético e do Conhecimento Tradicional Associado (SisGen), de 2017 a 2022.

    O estudo identificou 150.538 cadastros de acesso a patrimônio genético e Conhecimento Tradicional Associado (CTA). Desses, 87% indicam apenas acesso a patrimônio genético, não associado a conhecimentos tradicionais. Apenas 13% declaram acessar CTA, mas sem identificação do povo ou comunidade detentora em sua maioria.

    A pesquisa, que investiga o acesso ao conhecimento tradicional associado ao patrimônio genético (CTA) no Brasil e o mecanismo de repartição de benefícios gerados a partir do uso desse conhecimento, foi apresentada pela equipe do Escolhas ao Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGen) nesta quarta-feira (18), no Ministério de Meio Ambiente (MMA), em Brasília.

    Também foram identificados, no mesmo período, 19.354 cadastros de notificação de produtos acabados desenvolvidos a partir do acesso a patrimônio genético e/ou CTA. Mais uma vez, a maior parte (91%) das notificações são de produtos desenvolvidos apenas com patrimônio genético, sem CTA.

    Os números evidenciam o problema da não identificação dos CTAs, o que facilita a apropriação indevida desses conhecimentos, segundo o Instituto Escolhas, responsável pelo monitoramento.

    A rã amazônica kambô (Phyllomedusa bicolor), por exemplo, cuja secreção é usada como medicina por diversos povos indígenas amazônicos, ilustra uma das apropriações dos conhecimentos tradicionais. A substância tem 11 registros de patentes em países como Estados Unidos, Canadá, Japão, França e Rússia.

    “Discutir e aprimorar o monitoramento do acesso ao conhecimento tradicional associado ao patrimônio genético por pesquisadores e empresas é fundamental para fortalecer a bioeconomia e garantir direitos dos povos e comunidades tradicionais detentores desses conhecimentos”, afirma Jaqueline Ferreira, do Instituto Escolhas.

    O Instituto analisou ainda legislação e ferramentas disponíveis de monitoramento e elaborou uma proposta de banco de dados para ser usada para subsidiar o ministério na construção de uma ferramenta brasileira de rastreabilidade do acesso e monitoramento do uso de CTA.

    A proposta foi entregue, no dia 25 de agosto, à Câmara Setorial das Guardiães e Guardiões da Biodiversidade, instância do CGen.

    *Sob supervisão de Márcia Barros, da CNN em São Paulo

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