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    Lama invade estoque de livraria em Petrópolis e destrói 15 mil livros

    Com enchentes, principal livraria da cidade perde centenas de livros. Exemplares descartados formaram montanha na calçada da loja, chamando a atenção de moradores

    Pilha de livros danificados com a enchente de Petrópolis na terça-feira (15)
    Pilha de livros danificados com a enchente de Petrópolis na terça-feira (15) Lucas lamega

    Beatriz Puente, Camille Couto e Pedro Duranda CNN

    Rio de Janeiro

    Por todo o município de Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, as fortes chuvas deixaram marcas da destruição e mais de 120 mortos. Na rua 16 de Março, no centro, uma imagem chamava atenção: uma montanha de livros descartados por conta dos estragos causados pelas águas que invadiram uma das principais livrarias da cidade. O prejuízo das centenas de livros molhados ainda não foi calculado.

    Uma das donas da loja, Sandra Madeira, contou que descobriu o que tinha acontecido na loja no dia seguinte. A água inundou o subsolo da loja, onde ficavam os produtos do estoque.

    “Eu estava presa numa clínica, fiquei segurando meu carro pela cintura, sem saber aqui na livraria o que estava acontecendo. A água veio do rio, que fica lá embaixo, e nunca chega até aqui em cima. No máximo que vai é até a primeira loja aqui da rua. Mas esse ano, a chuva foi muito forte. E ela não chegou a 30 centímetros da minha porta, mas nós temos um subsolo. Então, ela desceu igual cachoeira. Inundou o subsolo de três metros que, além do escritório, tem o equipamento, os livros de devolução, de entrada”, explicou a comerciante.

    A loja tinha 13 funcionários e alguns já saíram do estabelecimento com a água na cintura. “Não deu tempo de tirar. Meus filhos e os funcionários que estavam aqui já saíram com água na cintura, e com medo de ver aquela quantidade de água descendo. Foi muito triste”, pontuou Sandra.

    Segundo a gerente do local, Andrea Gonçalves, a loja só foi reaberta dois dias depois da tragédia por causa do alagamento do subsolo. “Ontem conseguimos tirar toda a água. Agora estamos tirando as coisas que estavam embaixo, móveis, livros, parte do estoque, documentação. Muita coisa foi perdida”, contou a gerente.

    Amauri Madeira, outro proprietário da livraria, estima que tenha perdido 50% de acervo e estoque da loja – a água chegou até o teto do subsolo. O estabelecimento estava trabalhando nas devoluções de excesso e livros não vendidos no Natal. Ele ainda calcula o valor do prejuízo, mas se emocionou com o valor incalculável da perda do conteúdo das publicações.

    “Os livros ficaram perdidos na água, lama, esgoto. Infelizmente não vão poder ser usados. Ninguém gosta mais de livro do que livreiro. A gente não pode doar. O importante são as vidas, ter a comunidade, nossa família e os funcionários todos bem. As coisas a gente vê depois. Agora temos que cuidar das vidas, dos falecidos, de quem perdeu familiares, a casa. Essas são as merecem a nossa atenção nesse momento”, afirmou, emocionado, o livreiro.

    A montanha de livros que foi formada em frente à loja, na calçada, chamou a atenção de moradores.

    “Quanta tristeza! Muitas crianças deixaram de ter um livro desse por falta de dinheiro. Hoje estão aí. Eu fico com muita pena, fico sem palavras. Em outros lugares também aconteceu isso”, lamentou a costureira Cecília Peixoto.