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    Justiceiros de Copacabana: “Se eu vir algum assalto, não vai ser a vítima que vai se dar mal”, diz lutador

    Professor de artes marciais já havia sido intimado a depor no ano passado sobre a existência de grupo paramilitar

    Fábio Munhozda CNN , Em São Paulo

    O professor de artes marciais William Correia, que, no fim do ano passado foi apontado como um dos líderes do movimento que ficou conhecido como “Justiceiros de Copacabana”, postou nesta semana um vídeo em uma rede social no qual volta a pedir a mobilização dos moradores do bairro contra a criminalidade.

    Em dezembro de 2023, William foi uma das pessoas intimadas pela polícia do Rio de Janeiro a depor no âmbito de uma investigação sobre a formação de grupos de justiceiros.

    No vídeo publicado neste domingo, William convocou a população a agir caso presencie alguma ação criminosa. “Meu recado é para você, morador: não desista, não espere só de mim. Você pode fazer algo, seja segurar, seja apitar. A gente tem distribuído apitos através da AGVC [Anjos da Guarda Vigilância Comunitária].”

    “A gente já mostrou que a nossa voz é ouvida quando a gente se une. Lá atrás a gente botou o governo para fazer algo: vocês viram no Réveillon e no Carnaval. A mídia ficou em cima, o Judiciário teve que ceder em alguns aspectos, mas, infelizmente, eles estão voltando. Tenho recebido diversos vídeos, diversos relatos de novos assaltos, de novos furtos, tanto nas areias quanto nas ruas”, afirmou.

    Veja o vídeo:

    “Eu conto muito com você, para essa vagabundagem, esses vagabundinhos não ficarem. Para mim é vagabundinho covarde, não é nem vagabundo. É bom que eles olham meus stories, eles ficam me seguindo nas redes sociais. Para vocês verem que vocês não terão vida fácil”, acrescentou.

    No vídeo, ele diz não temer ameaças feitas por criminosos. “Pode achar que me ameaçar vai mudar alguma coisa. Quem me conhece sabe que eu não tenho medo de ameaça. Eu não tenho medo de vocês. Vocês têm medo de mim e da gente.”

    “Esse recado é para vocês. E se eu vir algum assalto com certeza não vai ser a vítima que vai se dar mal”, finaliza.

    Procurado pela CNN, William disse que é um “cidadão indignado com a violência” no bairro e que “resolveu fazer algo a respeito”.

    “Nós temos um trabalho através de um movimento, o Anjos da Guarda Vigilância Comunitária (AGVC), que, em parceria com as polícias, vai ajudar e auxiliar o combate aos furtos nos bairros. Continuaremos sempre criticando o governo sim, e não a polícia que é nossa parceira contra o crime”, afirmou

    “O cidadão de bem precisa auxiliar a polícia com informação e cooperação 24 h. Nosso lema é vigiar e denunciar! A ideia do vídeo foi mostrar a importância de cada morador nesse combate, com ações desde avisos sonoros com apitos até denúncias efetivas”, complementou.

    Ação de justiceiros pode configurar crime, dizem especialistas

    Especialistas ouvidos pela CNN afirmam que o combate à criminalidade com as próprias mãos também pode configurar crime.

    “Não existe justiça com as próprias mãos. A justiça só pode ocorrer com atuação de agentes do Estado, com a prisão de suspeitos e com julgamentos que garantam a ampla defesa, o contraditório e o devido processo legal diante do Poder Judiciário”, diz o advogado Ariel de Castro Alves, especialista em políticas de direitos humanos e presidente de honra do grupo Tortura Nunca Mais.

    “Fazer justiça com as próprias mãos é crime. Afinal, quem detém o monopólio da força legítima, pelo menos em tese, é o Estado. Então, quando há alguma insinuação de que a violência vai fazer esse justiçamento privado, isso está afrontando não só a democracia como as próprias estruturas do Estado”, comenta o professor Robson Rodrigues, pesquisador do Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

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