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    Justiça do Rio condena Ronnie Lessa por contrabando de peças para armas de fogo

    Ele importou ilegalmente produtos controlados pelo Exército; pena é de seis anos e oito meses

    Rafael Villarroelda CNN*

    O militar reformado Ronnie Lessa foi condenado pela 5ª Vara Criminal, da Justiça Federal do Rio, a seis anos e oito meses de prisão, inicialmente em regime semiaberto, por contrabando de peças de armas de fogo.

    Conforme as investigações, ele comprava o material pela internet e enviava à casa da sua filha, Mohana, em Atlanta, nos Estados Unidos. Em seguida, ela encaminhava os produtos para Ronnie, no Brasil.

    Segundo a juíza do caso, foram importadas entre 2017 e 2018 as seguintes peças: parte inferior de fuzil, acessório para fixar mira telescópica e coronha para revólver. Todas importadas sem autorização do Exército.

    Lessa está preso desde 2019, suspeito de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, na noite de 14 de março de 2018, por volta das 21h30, na Rua Joaquim Palhares, no bairro do Estácio, região central do Rio.

    A vereadora foi atingida por quatro disparos, sendo um no pescoço e três na cabeça. O motorista, Anderson Gomes, levou ao menos três tiros nas costas.

    Ronnie Lessa e o também ex-PM Élcio Queiroz estão presos em presídios federais, sendo Lessa em na Penitenciária Federal de Porto Velho–RO, e Élcio, no Complexo Federal da Papuda, em Brasília.

    Eles aguardam júri popular, que ainda não foi marcado.

    O processo é a continuação da apreensão de peças de 117 fuzis, que foram encontrados desmontados, em 2019, na casa de Alexandre Motta Souza, amigo de Lessa, no Méier, zona norte do Rio. Na época, Lessa foi apontado como o responsável pelo arsenal.

    Motta foi absolvido nesse processo. Já o ex-PM, condenado a 13 anos e seis meses.

    Os fuzis, do tipo M-16, foram encontrados na semana em que Ronnie Lessa foi preso pela morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em março de 2019, um ano após o crime.

    As armas, novas, estavam desmontadas em caixas – faltando apenas os canos.

    Alexandre Motta, dono do apartamento onde as armas foram encontradas, afirmou para os policiais que Ronnie, seu amigo de infância, lhe entregou as caixas e pediu para guardá-las e não abri-las.

    Lessa também já havia sido condenado em agosto de 2022 por tráfico internacional de armas, devido à importação de 16 peças de fuzil, que foram apreendidas cinco anos antes, vindas de Hong Kong no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio.

    À época, segundo a PF, os materiais seriam teoricamente enviados para uma academia, em Rio das Pedras, na zona oeste do Rio, da qual Lessa é sócio, porém o endereço indicado era o do apartamento de Ronnie Lessa. Os materiais apreendidos eram “corta-chamas”, usados para diminuir o clarão gerado ao disparar com armas de fogo. No entanto, eles são de uso proibido.

    A CNN teve acesso ao processo onde o Ministério Público Federal apontou que nas “conversas de WhatsApp, travadas entre RONNIE LESSA e sua filha MOHANA FIGUEIREDO LESSA, então residindo nos Estados Unidos, demonstraram que, por solicitação de RONNIE, alguns artefatos eram recebidos por MOHANA nos Estados Unidos, desembalados, colocados em outra embalagem e então remetidos para o Brasil sob descrições evasivas, sem indicar exatamente qual seria o conteúdo da encomenda”, diz a denúncia.

    O MPF ainda utilizou como elemento “indiciário” a apreensão dos 117 fuzis na casa de Alexandre Motta, que teve mandado expedido pela 4ª Vara Criminal do Rio de Janeiro.

    Ainda segundo os autos do processo, em 2022, a juíza federal Adriana Alves dos Santos, solicitou a quebra do sigilo telefônico de Lessa e de sua filha, Mohama, para auxílio nas investigações.

    Na sentença, a magistrada Fernanda Resende Dominice destacou que Lessa era um agente da PM e que deveria combater e evitar a prática de crimes, além de ter completa ciência da necessidade e autorização prévia para realizar as importações, entretanto, optou por fazer de forma ilegal.

    A filha de Lessa, que também foi acusada de fazer parte do esquema, foi absolvida, após a Justiça entender não haver provas suficientes do conhecimento dela sobre o crime. Além de ser “plenamente possível” com que ela imaginasse que seu pai, à época policial, estivesse legitimado a fazer as importações em questão, inclusive a orientando quanto a forma em que elas deveriam ser feitas.