Justiça considerou contas no exterior para ordenar prisão de ex-donos da Avianca
Além disso, pesou o fato de Germán Efromovich ter tripla nacionalidade


A Justiça considerou a tripla nacionalidade e as contas em outros países como fatores cruciais para determinar a prisão de Germán Efromovich e José Efromovich, ex-donos da Avianca, nesta quarta-feira (19), âmbito da Operação Lava Jato. A CNN teve acesso com exclusividade à íntegra da decisão.
“Germán Efromovich possui outras nacionalidades (polonesa, boliviana e colombiana, cf. evento 1, anexos 131 e 132) e os dois irmãos possuem residências, imóveis, recursos e empresas no exterior, bem como realizam viagem internacionais com frequência, tudo a indicar possibilidade concreta de fuga e posterior
abrigo noutros países”, diz o documento.
De acordo com a apuração da CNN, a curiosa tripla nacionalidade de Germán está ligada ao seu rendimento no mundo dos negócios. Ele é de família polonesa que estava de passagem pela Bolívia quando do seu nascimento; de lá, vieram para o Brasil, onde ele foi naturalizado. Em 2005, em virtude da salvação financeira da empresa Avianca, o governo colombiano também lhe concedeu nacionalidade daquele país.
No pedido de prisão, o Ministério Público Federal apontou haver “um intrincado, complexo e sofisticado esquema criminoso engendrado no exterior por Germán Efromovich e José Efromovich.
A investigação
Os empresários Germán Efromovich e José Efromovich, donos do estaleiro Eisa – Ilha S.A., foram presos em São Paulo na manhã desta quarta-feira (19), no âmbito da Operação Lava Jato. Os dois são ex-donos e atuais acionistas da Avianca Holdings, mas a companhia não aparece nas investigações.
A 72ª fase da operação investiga fraudes em licitações e pagamento de propina envolvendo executivos da Transpetro (subsidiária de transporte da Petrobras) e do estaleiro, localizado na Ilha do Governador, zona norte do Rio de Janeiro.
As investigações apontam que o Eisa firmou contratos para a construção de navios para a Transpetro. Os irmãos Efromovich – que também são donos de outro estaleiro em Niterói, região metropolitana do RJ – são investigados pelo pagamento de mais de R$ 40 milhões de propina a altos funcionários da Transpetro.
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Outro lado
Em uma entrevista coletiva, Germán Efromovich afirmou que nunca pagou políticos ou executivos da Transpetro para ser favorecido em licitação para a construção de navios para a empresa.
“Isso não existe. Ganhamos aquele contrato em uma licitação e, inclusive, eu processei. Tem uma ação contra a Transpetro porque não cumpriram o contrato”, disse ele. “Não devo nada. Nunca dei dinheiro em troca de contrato para político nenhum. Nem para executivo da Transpetro. Aliás, minhas contas são transparentes, já olharam, podem olhar tudo isso.”
Em nota, a Transpetro informou que “desde o princípio das investigações, colabora com o Ministério Público Federal e encaminha todas as informações pertinentes aos órgãos competentes”. “A companhia reitera que é vítima nestes processos e presta todo apoio necessário às investigações da Operação Lava Jato”.
A Petrobras também destacou que “trabalha em estreita colaboração com as autoridades que conduzem a Operação Lava Jato” e que está apurando internamente o caso.