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    Jovem negra acusa casa noturna de São Paulo de omissão em caso de racismo

    Heloisa teria sofrido agressões de outras clientes e de funcionários da casa Motirô Bar, que negou a acusação

    Pedro Pupulimda CNN* , São Paulo

    A advogada Heloisa Helena Ribeiro de Jesus acusou a casa noturna Motirô Bar, situada na Zona Oeste de São Paulo, de se omitir quando a jovem teria sido vítima de racismo dentro do estabelecimento. Segundo ela, outra cliente teria questionado sua presença em um camarote, a chamando de “macaca”.

    Heloisa disse que na noite de 3 de fevereiro deste ano foi comemorar seu aniversário de 34 anos no Motirô Bar juntamente com seus amigos. De modo inesperado, ela teria sido abordada por outras três clientes que não conhecia, e foi questionada do porquê de estar dentro do camarote. As supostas agressoras teriam afirmado que Heloisa não poderia estar em um local como aquele.

    Na sequência, a advogada teria pedido às agressoras que se retirassem do local, originando uma discussão entre todas elas, momento em que as provocadoras chamaram Heloisa de “macaca” e “preta safada”.

    De acordo com Heloisa, alguns seguranças do estabelecimento, acompanhados de um dos gerentes, a abordaram e a seguraram contra a parede, tentando sufocá-la. Eles teriam exigido que a advogada se retirasse do estabelecimento.

    “Eu falei que iria me retirar mesmo porque eles estavam me tratando como um cachorro. Eu não acho que sou obrigada a permanecer em um ambiente que tem racistas”.

    Heloisa disse que o estabelecimento não quis fornecer a ela as imagens das câmeras de segurança, e nem ao seu advogado. Além disso, afirmou que as agressões por parte das outras clientes e dos funcionários da casa continuaram até o momento em que conseguiu se retirar da festa, após passar no caixa. As agressoras não teriam sido expulsas em nenhum momento.

    Na mesma noite, Heloisa foi ao 14º Departamento de Polícia de Pinheiros, onde registrou boletim de ocorrência contra as supostas agressoras por injúria racial. Em outro momento, registrou boletim de ocorrência online contra o Motirô Bar por injúria e lesão corporal.

    O que diz o Motirô

    À CNN, o Motirô Bar negou, por meio de seu advogado Ricardo Eidelchtein e de sua assessoria, as acusações feitas por Heloisa. Além disso, o estabelecimento disse que prestou assistência à advogada, que expulsou as supostas agressoras, e que forneceu as imagens de segurança às autoridades policiais.

    A nota na íntegra:

    “O Motirô esclarece que as imagens do sistema de segurança já foram entregues às autoridades e que colabora com a investigação do caso. A empresa esclarece também que as duas clientes foram convidadas a se retirar do estabelecimento após o gerente da casa constatar, por meio do sistema de câmeras, a troca de agressões físicas entre elas.

    O Motirô reforça que não tolera nenhuma forma de discriminação e informa que não identificou nenhum tipo de violência na abordagem dos seguranças e do gerente, que prestou atendimento e acompanhou a Sra. Heloisa até a viatura estacionada na rua do estabelecimento.

    Por fim, a empresa lamenta o ocorrido e informa que orientou as duas clientes a registrarem o caso na delegacia”.

    Em contato com a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, o órgão informou que o caso ainda está sendo apurado pelas autoridades competentes do 15º DP (Itaim Bibi).

    A equipe da unidade está realizando diligências para esclarecer os fatos. Além do caso citado, há outras duas ocorrências registradas como lesão corporal. Por se tratar de um crime de ação condicionada, as vítimas foram orientadas quanto ao prazo para representação criminal, porém, até o momento, não ocorreu. A equipe permanece à disposição.

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