Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Jacarezinho: denúncia não fala em aliciamento de menores e sequestro de trens

    A ação, comandada pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), tinha o objetivo de cumprir a ordem de prisão de 21 suspeitos

    Fernando Molicada CNN

    A denúncia do Ministério Público contra os 21 alvos da operação no Jacarezinho, zona norte do Rio de Janeiro, realizada na última quinta-feira (6) afirma que eles são traficantes de drogas, mas não diz que seriam responsáveis por aliciamento de crianças e adolescentes, roubo de cargas, assaltos a pedestres, homicídios e sequestros de trens da SuperVia.

    Na última quinta-feira, esses outros crimes também foram mencionados pela Polícia Civil do Rio de Janeiro para justificar a ação, que terminou com 28 mortos, entre eles, o inspetor André Leonardo de Mello Frias, atingido por um tiro logo depois do início da operação.

    A ação, comandada pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), tinha o objetivo de cumprir a ordem de prisão dos 21 suspeitos, decretada pelo juiz Carlos Eduardo Carvalho de Figueiredo, da 19ª Vara Criminal. Dos procurados, três foram presos e outros três morreram.

    Na denúncia, o promotor Salvador Bemerguy afirma que, dos acusados, 20 eram “soldados” do tráfico e um deles atuava como “vapor”, ou seja, na venda de drogas.

    A acusação é baseada em fotografias publicadas em redes sociais pelos próprios investigados, que nelas aparecem portando armas como fuzis. Há também imagens de drogas que seriam vendidas na favela.

    Segundo o MP, há na favela uma “estrutura de guerra”, que inclui “centenas de ‘soldados’ munidos com fuzis, pistolas, granadas, coletes balísticos, roupas camufladas e todo tipo de acessórios de uso militar”.

    Nenhum dos investigados foi citado na denúncia como sendo chefe ou gerente do tráfico na favela. Todos os 21 – entre eles, uma mulher – são acusados de tráfico e associação para o tráfico de drogas.

    Em comunicado divulgado no dia da operação, a Polícia Civil afirmou que a investigação “teve início a partir de notícias recebidas pela DPCA de que traficantes vêm aliciando crianças e adolescentes para integrar a facção que domina o território”. A denúncia cita apenas inquérito aberto na 25ª Delegacia Policial.

    A prisão dos denunciados foi decretada no último dia 28, quando a Justiça também levantou o sigilo dos autos. A operação só seria realizada oito dias depois.

    Em nota enviada à CNN no início da noite deste sábado (8), a Polícia Civil disse que um outro inquérito, que tramita em sigilo, apura a cooptação de jovens para o tráfico no Jacarezinho. Afirma que a investigação “já forneceu várias informações de inteligência nesse contexto” e que há também dados vindos do Disque-Denúncia “que corroboram” a apuração.

    Segundo a Polícia Civil, as apurações “não necessariamente precisam estar vinculadas a um mesmo inquérito” e que a operação foi baseada em diversos “trabalhos de investigação e inteligência”.

    De acordo com a nota,  o inquérito que gerou a operação no Jacarezinho começou na 25ª DP, mas foi deslocado  por conta da realocação do delegado responsável pela investigação.

    Tópicos