Investigado em morte de enteado, vereador Dr. Jairinho foi 26º mais votado do RJ
Vereador é investigado pelo homicídio do menino Henry Borel, de 4 anos
O vereador Jairo Souza Santos Júnior, conhecido como Dr. Jairinho, foi o 26º mais votado entre os 51 vereadores eleitos na capital fluminense no ano passado.
Preso na manhã desta quinta-feira (8), Jairinho é investigado por homicídio de seu enteado, Henry Borel Medeiros, de 4 anos.
Eleito pela primeira vez em 2004, é figura conhecida do Legislativo carioca e filho de um ex-deputado estadual, o policial Coronel Jairo (PSC), que manteve mandato entre 2003 e 2018 na Assembleia Legislativa do Rio. Coronel Jairo foi preso em 2018 pela Operação Furna da Onça, suspeito de receber mesada para aprovar projetos de interesse do governo Sérgio Cabral.
Integrante do Conselho de Ética da Câmara, a vereadora Teresa Bergher (Cidadania) anunciou que vai pedir ainda hoje o afastamento de Dr. Jairinho da Casa.
“Precisa ser afastado imediatamente. Pela imagem da Casa, pela credibilidade de cada um de nós vereadores e por respeito a esta criança vítima de um cruel assassinato e a toda a população que representamos”, afirmou a vereadora.
A reunião estava marcada para as 18 horas desta quinta-feira (8), mas acabou antecipada. Dr. Jairinho é integrante do Conselho de Ética da Casa, mas como está preso foi substituído pelo suplente, Luiz Ramos Filho (PL). As informações são do colunista da CNN, Leandro Resende.
A Câmara do Rio quer dar uma resposta rápido ao caso e pretende afastar o vereador o mais rápido possível.
O vereador chegou a ser líder do governo de Marcelo Crivella (Republicanos) na legislatura passada. Ele também foi líder do segundo governo de Eduardo Paes (DEM). Dr. Jairinho chegou a ser cotado para o Tribunal de Contas do Rio de Janeiro.
O reduto eleitoral do parlamentar e do pai sempre foi Bangu, na zona oeste do Rio, e seu entorno. Foi em Bangu que a polícia encontrou Jairinho na manhã desta quinta, apesar dele ter morado por anos na Barra da Tijuca, bairro da zona oeste, onde Henry morreu.
Mensagem do pai de Henry
Poucas horas antes da prisão do vereador, por volta da meia noite, o pai de Henry publicou um vídeo do menino nas redes sociais.
“Henry, 30 dias desde que te dei o último abraço. Nunca vou esquecer de cada minuto do nosso último final de semana juntos. Deixar você (com a mãe e Jairinho) bem, cheio de vida, com todos os sonhos e vontades de uma criança inocente. Desculpe o papai por não ter feito mais, lutado mais e protegido você muito mais”, escreveu. Hoje completa-se um mês da morte do menino.
Entenda o caso
O menino Henry Borel, de quatro anos, morreu em 8 de março, no Hospital Barra D’Or, na Barra da Tijuca. No hospital, Henry já apresentava dificuldades para respirar. Sua mãe e Jairinho alegavam tê-lo encontrado desmaiado no quarto.
O caso foi tratado pela polícia como acidente, pressupondo-se que o garota tenha caído da cama, mas a constatação de agressões aconteceu por meio da perícia médica. O Instituto Médico Legal (IML) constatou múltiplos sinais de traima, hemorragia interna e ferimentos no fígado, típicos de agressão.
Agora, a suspeita é que Henry tenha morrido depois de ser torturado por Jairinho, que nega a versão.
Nesta quinta-feira (8), Dr. Jairinho e a mãe de Henry, Monique Medeiros, foram presos temporariamente por 30 dias. Segundo o delegado do caso, Henrique Damasceno, o casal é responsável pela morte e “não resta a menor dúvida sobre a autoria do crime”. Apesar disso, a Polícia ainda não apresentou a denúncia de homicídio duplamente qualificado à Justiça.
Conversas por aplicativo de mensagens recuperadas de um celular mostram que a babá de Henry havia relatado à mãe do garoto que o menino sofria agressões do padastro.
Correção: Diferente do que anteriormente informado nesta reportagem, Jairinho foi o 26º vereador mais votado no Rio de Janeiro, não o 16º. A informação foi corrigida às 18h50 desta quinta-feira (8).
*Com informações do Estadão Conteúdo