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    Investigação sobre execução de médicos segue em meio à indefinição sobre chegada dos agentes da Força Nacional no Rio

    Ricardo Cappelli, secretário-executivo do Ministério da Justiça, conversará pessoalmente com o governador Cláudio Castro nesta sexta-feira (6)

    Da CNN

    As autoridades continuam a investigação sobre o assassinato de três médicos na orla do Rio de Janeiro, incluindo o irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL).

    Segundo informações do analista da CNN Leandro Resende, as investigações apontam que o crime teria sido cometido por traficantes que confundiram um dos médicos do grupo, Perseu Ribeiro Almeida, com um filho de um miliciano.

    A execução encomendada seria a de Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, filho de Dalmir Pereira Barbosa, um dos principais chefes da milícia que atua na zona oeste do Rio.

    Isso ocorre enquanto o governo federal tenta resolver um impasse para a implementação da Força Nacional de Segurança Pública no estado, medida que foi anunciada pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, na segunda-feira (2).

    Veja também — Investigadores não descartam que mortes de médicos tenham sido por engano

    O secretário-executivo da pasta, Ricardo Cappelli, foi enviado ao Rio para conversar com o governador Cláudio Castro. Ambos devem discutir tanto o reforço na segurança quanto o avanço na apuração dos homicídios.

    O envio da Força Nacional foi adiado na quarta-feira (4) devido a questionamentos e exigências do Ministério Público Federal (MPF), como orientações para criação de protocolos que não prejudiquem atividades escolares, fundamentação específica que justifique entrada forçada em domicílios sem mandado judicial e prestação de serviços médicos para feridos em ações policiais.

    Já quanto às investigações dos assassinatos, mesmo com pedidos de familiares de Sâmia Bomfim pela federalização do caso, a pasta da Justiça não deve requisitar a medida, conforme revelou Raquel Landim, âncora da CNN.

    Ainda assim, a Polícia Federal (PF) foi posta à disposição para auxiliar nas investigações.

    Nesta quarta-feira (4), a Polícia Civil encontrou quatro corpos de suspeitos de realizar o ataque.

    Os corpos dos supostos autores do ataque a tiros tinham ferimentos de disparos de arma de fogo e facadas. Eles estavam em dois carros encontrados em pontos diferentes da zona oeste. Um dos mortos estava no porta-malas de um veículo na Praça da Gardênia, na Gardênia Azul; os outros três estavam em outro veículo, em uma rua perto do Riocentro.

    Segundo a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), o corpo encontrado na Gardênia Azul seria de um traficante chamado Lesk, que teria migrado da milícia para o Comando Vermelho após a entrada do tráfico no bairro. Os investigadores acreditam que ele teria sido o autor da ordem do ataque contra os médicos.

    Agentes e blindados deveriam chegar no sábado

    Como informou Leandro Resende, analista de Política da CNN, 570 agentes federais estarão envolvidos em uma megaoperação conjunta no Complexo da Maré, sendo 300 da Força Nacional e 270 da Polícia Rodoviária Federal. Também serão enviadas 50 viaturas e 22 blindados.

    A expectativa era que eles chegassem ao Rio de Janeiro no próximo sábado (7).

    O governo do estado atuará com 1.000 policiais militares e civis, além de drones com sistemas de reconhecimento facial e de placas, 50 viaturas, 12 blindados, três aeronaves e uma unidade de demolição da PM.

    A ação em parceria com o governo federal, acordada nesta semana pelo governador Cláudio Castro (PL) e pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, começará na Maré, mas há previsão de que se estenda para outras localidades.

    Confira o que se sabe sobre o assassinato de médicos no Rio de Janeiro

    O crime

    Três médicos ortopedistas, incluindo o irmão de Sâmia Bomfim, foram assassinados em um ataque a tiros na avenida da praia da Barra da Tijuca, na zona Oeste do Rio de Janeiro, na madrugada desta quinta-feira (5). Uma quarta vítima ficou ferida e está internada.

    A Polícia Militar do Rio de Janeiro informou que policiais do 31° BPM (Recreio dos Bandeirantes) foram chamados para atender a uma ocorrência de homicídio na Avenida Lúcio Costa, na praia do bairro. Chegando lá, encontraram as quatro vítimas baleadas.

    A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga o caminho percorrido pelo carro dos criminosos e avalia se aconteceu alguma coisa no deslocamento do grupo de São Paulo para o Rio. Os primeiros indícios apontam para uma execução.

    Quem eram as vítimas?

    Diego Bomfim

    • Diego Ralf de Souza Bonfim era irmão da deputada federal Sâmia Bonfim (PSOL-SP) e se especializou em reconstrução óssea pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

    Marcos Corsato

    • Marcos de Andrade Corsato era médico assistente do grupo de Tornozelo e Pé do IOT da FMUSP. Ele fez graduação e mestrado em ortopedia e traumatologia na USP.

    Perseu Almeida

    • Perseu Ribeiro Almeida se formou em medicina pela Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC) de Salvador, fez residência em ortopedia e traumatologia pelo COT e se especializou em cirurgia em pé e tornozelo pelo IOT da FMUSP.

    Vítimas participariam de congresso

    O grupo de ortopedistas passava a noite em um quiosque na Barra da Tijuca. Eles haviam chegado à capital fluminense para participar do 6º Congresso Internacional de Cirurgia Minimamente Invasiva do Pé e Tornozelo.

    O evento era internacional e contava com apoio da Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé, entidade que os médicos faziam parte.

    Mais de 30 tiros foram disparados

    CNN apurou que a polícia recuperou 33 cápsulas de bala de calibre 9 mm no local do ocorrido.

    “Informações preliminares apontam que todos estavam em um quiosque da região quando foram vítimas de disparos de arma de fogo efetuados do interior de um automóvel”, disse a PM-RJ à CNN.

    Vídeo: Câmera de segurança flagra momento em que irmão de deputada é morto no RJ

    Indícios apontam para execução

    A motivação e a autoria do crime estão sendo apuradas pela Polícia Civil. A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) investiga o caso e realizou uma perícia no local e está ouvindo testemunhas e analisa ainda imagens de câmeras de segurança.

    A PC-RJ investiga o caminho percorrido pelo carro dos criminosos e avalia se aconteceu alguma coisa no deslocamento do grupo de São Paulo para o Rio. Os primeiros indícios apontam para uma execução.

    Cláudio Castro (PL), governador do Rio de Janeiro, determinou que a corporação “empregue todos os recursos para chegar à autoria do crime”.

    Polícia tem “duas ou três” linhas de investigação, diz Dino

    O ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), afirmou que existem “duas ou três” linhas de investigação policial no caso. Ele relatou também que os investigadores já têm indícios que podem levar à autoria do crime.

    “Há duas ou três linhas de investigação que estão sendo percorridas. O fato de haver proximidade com dois deputados federais faz com que nós tenhamos essa presença da Polícia Federal, inclusive porque o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira, pediu também essa parceria entre a polícia legislativa e a PF”, disse Dino.

    O ministro também pediu que a Polícia Federal acompanhe a investigação. Em publicação feita nas redes sociais, ele atribuiu a entrada da PF no caso à “hipótese de relação com a atuação de dois parlamentares federais”. Sâmia Bomfim, irmã de uma das vítimas, é casada com o também deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ).

    Segundo Dino, está claro para as autoridades de que o ocorrido se trata de uma execução, não um crime patrimonial.

    Investigadores não descartam que vítima foi confundida com miliciano

    Investigadores da Polícia Civil que cuidam do caso não descartam que a execução possa ter sido feita sem motivação política. As informações são dos âncoras da CNN Tainá Falcão, Gustavo Uribe e Raquel Landim e do analista de política Leandro Resende.

    A avaliação preliminar é que os criminosos buscavam outros alvos, e não os médicos assassinados.

    Uma das linhas da investigação sugere que um dos médicos mortos, Perseu Ribeiro Almeida, pode ter sido confundido com o filho de um miliciano, pois os dois teriam a aparência física muito próxima.

    Taillon de Alcântara Pereira Barbosa (esq.), filho de miliciano que atua no Rio de Janeiro, e Perseu Ribeiro Almeida (dir.), médico assassinado no Rio de Janeiro
    Taillon de Alcântara Pereira Barbosa (esq.), filho de miliciano que atua no Rio de Janeiro, e Perseu Ribeiro Almeida (dir.), médico assassinado no Rio de Janeiro / Reprodução

    Segundo essa hipótese, a execução encomendada seria a de Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, filho de Dalmir Pereira Barbosa, um dos principais chefes da milícia que atua na zona oeste do Rio.

    Os policiais ouvidos pela CNN ressaltaram que as informações ainda são preliminares, e não descartam a possibilidade de vínculo político como motivação.

    Não são descartadas também as possibilidades de que o caso envolva a milícia no estado do Rio de Janeiro, e de que os executores sejam de outros estados.

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