Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Inpe revisa dados e registra recorde de desmatamento da Amazônia em 12 anos

    Destruição da floresta chegou a 10.129 km²

    Toras de madeira em operação do Ibama no Amazonas

    Toras de madeira vistas durante operação do Ibama de combate ao desmatamento ilegal em Apuí, no Amazonas

    Foto: Bruno Kelly – 27.jul.2017/ Reuters

    O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou nesta terça-feira (9) uma revisão dos dados do Prodes, o sistema que aponta o desmatamento oficial da Amazônia, referentes ao período de agosto de 2018 a julho de 2019. O relatório indicou que a devastação da floresta no primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) foi ainda maior do que a já apontada previamente. No período, a destruição da floresta aumentou 34,4% em comparação com os 12 meses entre agosto de 2017 e julho de 2018, chegando a perder 10.129 km².
     
    Em novembro, uma prévia do Prodes havia indicado que o desmatamento tinha sido de 9.762 km². O novo dado é resultado de revisão das imagens de satélite e consolidação dos dados sobre o chamado ‘corte raso’, em que ocorre remoção completa da cobertura florestal. Essa revisão é normal no processo de análise do desmatamento da Amazônia. O Inpe normalmente divulga uma prévia em novembro e a taxa final alguns meses depois.

    Esta taxa é a pior observada na Amazônia desde 2008, quando o Prodes revelou uma perda de 12.911 km². Desde então, a taxa sempre esteve abaixo dos 8 mil km². O menor valor foi obtido em 2012: 4.571 km².
     
    Os estados de Rondônia, Maranhão e Tocantins registraram quedas no desmatamento, de 4,48%, 6,32% e 8%, respectivamente. Os demais seis Estados da região tiveram altas na perda florestal, com Roraima apontando um aumento de mais de 200%. O Pará concentrou a maior parcela de desmatamento do período, com 41,19% do total, seguido por Mato Grosso, com 16,8%, e Amazonas, com 14,16%.
     
    A expectativa de especialistas é o que período de 12 meses que se encerra em julho deve vir ainda maior. Um outro sistema de monitoramento do Inpe, o Deter, que faz alertas de onde estão ocorrendo desmatamentos para orientar a fiscalização em campo, vem indicando altas consecutivas desde agosto.
     
    Em apenas 10 meses, os alertas do Deter já respondem por 92% do observado nos 12 meses anteriores. Entre agosto do ano passado e 28 de maio deste ano, foi registrada a derrubada de 6.309 km². Nos 12 meses anteriores (de agosto de 2018 a julho de 2019), foram 6.844 km².
     
    Análise feita pelas ONGs Instituto Sociambiental, Rede Xingu+, Greenpeace, Imazon e Imaflora, estimou, com base no avanço do Deter, que o desmatamento consolidado pelo Prodes neste ano pode acabar sendo o dobro do observado no ano passado. 

    Leia também:

    Quais os riscos do avanço do desmatamento na Amazônia?

    Parlamentares pedem impeachment do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles

    Ministro do Meio Ambiente sugere ‘passar boiada’ enquanto o foco é coronavírus

    Recentemente o governo do presidente Jair Bolsonaro, que vem sendo alvo de críticas dentro e fora do Brasil por sua política ambiental, ativou o Conselho da Amazônia, colocando sua coordenação sob responsabilidade do vice-presidente Hamilton Mourão.

    No dia 28 de maio, O vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), anunciou que iria reativar o Comitê Orientador do Fundo Amazônia. De acordou com Mourão, a iniciativa era uma das metas prioritárias do Conselho da Amazônia, criado no início do ano por determinação do presidente Jair Bolsonaro. No mesmo discurso, Mourão retirou o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, do comando do fundo.  
     
    O governo decidiu, mais uma vez, enviar as Forças Armadas para combater crimes ambientais na região a exemplo do que fez no ano passado diante das críticas internacionais por causa do aumento das queimadas na floresta.

    (Com Reuters e Estadão Conteúdo)