Indígenas utilizam tecnologia para monitorar Covid-19 no Alto Xingu
16 etnias que habitam Parque Indígena do Xingu se mobilizaram para conter avanço de pandemia na região
Sem dança, sem rituais e sem reuniões: essa é a nova rotina dos indígenas do Alto Xingu, no Mato Grosso. Com a chegada da Covid-19 na região, as 16 etnias que habitam o parque desenvolveram estratégias com o uso de tecnologia para monitorar o avanço da doença.
Em parceria com a organização People’s Palace Project e utilizando recursos enviados pelos Estados Unidos, as comunidades estão estocando mantimentos e iniciaram a construção de uma casa de quarentena, que deve receber indígenas infectados pelo novo coronavírus.
“Com essa arrecadação, nós vamos comprar equipamentos hospitalares, EPIs e atender às necessidades da comunidade também, como combustível e sabonete. Dessa forma, estamos nos organizando para a comunidade não ir à cidade”, disse Yanamã Kuikuru, presidente da Associação Indigena Kuikuro do Alto Xingu (AIKAX).
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Grupos organizados pelos próprios moradores da aldeia monitoram e registram os casos de indígenas que ficaram doentes pela Covid-19. “A gente monitora as pessoas que estão saindo da aldeia pra cidade e, se a pessoa ficar doente, é muito importante sabermos de onde veio essa doença, em qual casa a pessoa mora”, explicou Kumessi Waura, integrante de uma dessas equipes de monitoramento.
Por causa da pandemia, o Kuarup, um dos rituais mais sagrados dos indígenas, teve que ser cancelado pela primeira vez na história. O ritual celebra a memória dos mortos e libera as almas para o mundo espiritual, segundo a tradição indígena.
(Edição: Sinara Peixoto)