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    Indígenas relatam pesca ilegal e ataques a tiros no Vale do Javari

    Seis informes nos últimos dois meses foram feitos às autoridades sobre crimes na área em que o jornalista Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira sumiram

    Leandro Resendeda CNN

    Segunda maior terra indígena do país e local da maior concentração do mundo de povos isolados, o Vale do Javari, no Amazonas — onde desapareceram o jornalista Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira — vem sofrendo com ataques a tiros contra indígenas, saída de pesca irregular e constantes invasões para extração irregular de animais.

    As informações constam em seis documentos feitos pela União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) e enviados ao Ministério Público Federal do Amazonas, Polícia Federal, Força Nacional de Segurança Pública e à Funai (Fundação Nacional do Índio).

    À CNN, o Ministério Público Federal informou que foi instaurado procedimento de apuração do caso desde que a instituição recebeu as representações da Univaja.

    “As procuradoras da República que atuam na unidade do MPF em Tabatinga estiveram em Atalaia do Norte, no final de maio, para uma série de reuniões relacionadas a objetos de atuação do MPF na região — entre os temas estava a apuração em questão — para levantamento de informações que pudessem subsidiar os procedimentos. A investigação sob as ameaças está sob sigilo, o que impede a divulgação de outras informações sobre o caso no momento.”

    Entre 12 de abril e 10 de maio deste ano, as denúncias documentadas pela Univaja relatam pesca irregular dentro do Vale do Javari, próximo a uma aldeia de indígenas da etnia Korubo.

    Um dos documentos traz o nome de Amarildo da Costa de Oliveira, que teve a prisão temporária decretada na última quinta-feira (9) pela Justiça e é considerado, até o momento, o único suspeito do desaparecimento do jornalista e do indigenista. Nos ofícios enviados às autoridades, a Univaja atribui a ele a autoria de “diversos atentados com arma de fogo contra a base da Funai entre 2018 e 2019”.

    De acordo com Guenter Francisco, membro do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), na área em que Bruno Pereira e Dom Philips desapareceram, a ação mais presente é a de pescadores que, irregularmente, extraem peixes considerados nobres, como o pirarucu, e fazem comércio ilegal com outros países — o Vale do Javari é uma área que faz fronteira com Peru e Colômbia.

    Na região, há presença forte nos últimos anos, segundo ele, de traficantes de drogas.

    Em ofício enviado no dia 12 de abril, a Univaja informa à representação local da Funai que integrantes da equipe de vigilantes indígenas foram alvo de sete tiros disparados por pescadores. Os documentos revelam ainda a presença de invasores e de prática de pesca ilegal nos dias 15, 18 e 23 de março.

    Os indígenas afirmam também que após as invasões, acontece de ocorrer o aquecimento do mercado ilegal de venda de peixe na cidade de Atalaia do Norte.

    A CNN procurou a Funai, a Polícia Federal e a Força Nacional de Segurança Pública e aguarda as respostas.