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    ‘Incêndio é ápice do abandono’, diz ex-médico do hospital de Bonsucesso

    “O Hospital Federal de Bonsucesso sempre foi visto como um fardo que precisa ser descartado”, afirma o profissional da saúde

    Thayana Araujo e Pauline Almeida, , da CNN, no Rio de Janeiro

    O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) solicitou ao corpo clínico um relatório aprofundado sobre o incêndio ocorrido no Hospital Federal de Bonsucesso, na zona norte da capital fluminense, nessa terça-feira (27). O órgão aguarda o resultado da perícia da Polícia Federal e o posicionamento do Ministério da Saúde para tomar providências.  

    “O Hospital Federal de Bonsucesso sempre foi visto como um fardo, que precisa ser descartado”. O desabafo é do médico e membro do Cremerj Flavio de Sá Ribeiro, concedida à CNN nesta quarta-feira (28), sobre a unidade na visão de governantes em Brasília . 

    “Esse incêndio é o ápice de 40 anos de abandono e falta de investimentos, não só na estrutura do hospital como na qualidade dos serviços que ali são prestados, de extrema excelência, de alta complexidade e extrema necessidade da população da cidade do Rio de Janeiro e do estado”, avaliou. 

    O médico trabalhou por 30 anos na unidade que pegou fogo ontem. Para ele, o Hospital de Bonsucesso vem sofrendo com indicações políticas, ainda assim mantendo o atendimento contínuo aos pacientes. “Eu pessoalmente participei de discussões em Brasília, representando o Hospital Federal de Bonsucesso, e as escolhas de diretores sempre foram exclusivamente políticas”, afirmou. 

    O incêndio ocorrido na terça-feira causou a morte de três pessoas. Por orientação do Corpo de Bombeiros, o prédio do hospital está sendo esvaziado. Até o início da tarde desta quarta-feira (28), o Ministério da Saúde divulgou que 185 pacientes haviam sido transferidos. 

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    O processo causa preocupação ao membro do Cremerj, que defende a relevância do Hospital Federal de Bonsucesso, o maior do estado em volume geral de atendimentos, para o funcionamento do Sistema Único de Saúde do Rio de Janeiro. 

    Ele teme que o esvaziamento, necessário neste momento, possa ser usado para um fechamento definitivo. “O Hospital cumpre um papel no estado do Rio de Janeiro ao qual nenhum outro terá condição de assumir esta demanda. Porque todos os hospitais que trabalham com alta complexidade estão sobrecarregados. Não há como acrescentar pacientes graves às agendas. Precisamos impedir isso a qualquer custo. O Hospital de Bonsucesso precisa reviver de forma responsável porque o trabalho que ele faz é indispensável”, alerta.

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