Imigrante retido em Aeroporto de Guarulhos é isolado com sintomas compatíveis com mpox
Após reunião na última quarta-feira (21), estrangeiros conseguiram tomar banho pela primeira vez; SES tem varicela como principal hipótese
A Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) foi notificada sobre um imigrante com sintomas compatíveis com mpox, que estava retido no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.
Na data, o estrangeiro foi encaminhado para isolamento e para realização de exames em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), no bairro de Cumbica, segundo a prefeitura de Guarulhos.
Até a noite desta segunda-feira (26), 526 pessoas estavam retidas na área de imigração do terminal, de acordo com o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP).
O paciente foi transferido para o Instituto de Infectologia Emílio Ribas, na capital paulista, e a principal hipotese é varicela, conhecida como catapora, segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES).
A secretaria informa que o estrangeiro está bem, segue em observação e que o caso está em investigação.
O Ministério da Saúde informou à CNN que foi notificado da supeita de mpox e que as autoridades de vigilância no aeroporto já tomaram todas as medidas de desinfecção e monitoramento das outras pessoas que se encontram na área de estrangeiros inadmitidos.
Não há informações sobre o histórico de viagem do paciente por áreas afetadas pela cepa 1b, motivo do alerta internacional emitido na última semana pela Organização Mundial da Saúde (OMS), segundo a pasta.
O MS explica que o passageiro suspeito chegou no aeroporto no dia 14 de agosto e estava na área restrita do terminal 3. “A Anvisa entrevistou os outros viajantes no local, aplicou 397 questionários, mediu a temperatura e verificou sinais da doença na pele. Nenhum novo caso foi encontrado”, afirma em nota.
O paciente não é oriundo de áreas endêmicas de mpox, segundo a SES. Na última sexta-feira (23), a secretaria emitiu um alerta epidemiológico, orientando e recomendando a intensificação das ações de vigilância e assistência de casos da doença.
Na última quarta-feira (21), uma reunião entre Ministério Público Federal (MPF), Defensoria Pública da União (DPU), Polícia Federal, MJSP, a concessionária GRU Airport e entre outros órgãos, definiu medidas emergenciais de garantia de higiene básica para os estrangeiros retidos.
Pela primeira vez, os imigrantes tiveram acesso a vestiários para tomar banho e receberam kits de higiene de companhias áreas.
Cerca de 481 pessoas seguiam retidas na área de imigração, de acordo com a PF, na última quarta-feira (21). O número cresceu ao longo dos dias, apensar do reforço de agentes do MJSP para agilizar a solicitação de refúgio dos estrangeiros. Apenas neste domingo (25), 112 viajantes se apresentaram à PF.
Até esta segunda-feira (26), 1276 pedidos de refúgio foram recebidos no mês de agosto no Aeroporto Internacional de São Paulo, segundo dados da Secretaria Nacional de Justiça (Senajus). Deste total, 73 neste domingo (25).
Nenhum passageiro não foi admitido até o dia de hoje com base na nova medida que restringe a entrada de imigrantes sem visto, quando a nacionalidade de origem exigir o documento para entrada no Brasil.
Crise humanitária
Em alerta feito na última semana, a Defensoria Pública da União (DPU) constatou grave violação aos direitos humanos e disse que muitos estavam com sintomas gripais, sem cobertores, agasalhos, alimentação adequada e com acesso restrito a banhos e higiene.
A Anvisa ainda detalhou que foram implementadas medidas ambientais de limpeza e desinfecção no local, e reafirmou seu compromisso em comunicar prontamente e tomar medidas adequadas para proteger a saúde pública e manter a segurança nos aeroportos.
De janeiro até a última terça-feira (20), o Brasil contabilizou 791 casos prováveis e confirmados de mpox — mais de 80% na região Sudeste. A doença está em caráter de emergência de saúde pública, pela OMS.
A concessionária GRU Airport informou à CNN que tem prestado apoio a todos os órgãos competentes. O Ministério da Saúde ainda informa que segue acompanhando atentamente o caso ao lado do CIEVS de São Paulo, da Anvisa, do Ministério de Portos e Aeroportos, da PF e do Departamento de Migrações, ambos do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
*Com informações de Alan Cardoso