Ibama vai utilizar satélites para rastrear tartarugas
Esquipes acoplaram transmissores nos cascos das tartarugas, permitindo que sinais sejam captados por uma rede de satélites
Com o objetivo de aprimorar a conservação e monitoramento de espécies da fauna brasileira, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) vai utilizar satélites para rastrear com mais precisão os hábitos migratórios das tartarugas.
Segundo o Ibama, as equipes instalaram transmissores nos cascos das tartarugas, que emitem sinais captados por uma rede de satélites. Esses dados são enviados em tempo real para uma base terrestre, onde são processados e analisados, permitindo o monitoramento contínuo das rotas migratórias dos animais.
De acordo com os pesquisadores, os transmissores usados são leves, representando menos de 5% do peso corporal das tartarugas, o que assegura que sua mobilidade não seja prejudicada.
O projeto foi implementado por meio do Programa Quelônios da Amazônia (PQA) para monitorar a espécie tartaruga-da-amazônia. A coordenadora nacional do programa, Edelin Ribas, explica que é necessário saber a rota de deslocamento das tartarugas para planejar ações de conservação.
“O uso desse dispositivo é justificado pela necessidade de se conhecer hábitos e deslocamento dos animais, para entendermos melhor as áreas com as quais os quelônios se relacionam e poder planejar ações de conservação e fiscalização”, afirmou a coordenadora.
Essa tecnologia já vem sendo aplicada em pesquisas realizadas nos tabuleiros do Embaubal, no Pará, e no rio Juruá, no Amazonas. Além disso, o Projeto Tamar também utiliza o rastreamento via satélite para monitorar o ciclo de vida de tartarugas-marinhas.
Percorrem 400 km
Segundo pesquisas realizadas por especialistas acadêmicos de universidades parceiras do programa, a fêmea de tartaruga-da-amazônia pode percorrer até 400 km durante sua rota migratória entre suas áreas de alimentação e de reprodução.
Durante a estação chuvosa, esses animais exploram florestas alagadas, alimentando-se de frutos e sementes que caem na água. No período de seca, elas migram para os rios e buscam praias arenosas para a desova.
Para este estudo, o programa do Ibama prevê que os dispositivos de rastreamento transmitem dados por pelo menos um ano. Nesta fase inicial, o foco está nas fêmeas, que estão sendo monitoradas via satélite.
De acordo com o Ibama, essa iniciativa é importante não apenas para a conservação das tartarugas-da-amazônia, mas também para a manutenção da biodiversidade na Amazônia, já que esses animais desempenham um papel fundamental na dispersão de sementes e no equilíbrio dos ecossistemas aquáticos.