Helicóptero desaparecido: famílias usam cães farejadores nas buscas, que chegam ao 12º dia
Roupas dos ocupantes da aeronave serão entregues aos cães para que usem como referência durante os trabalhos na mata
Familiares das quatro pessoas que estavam a bordo do helicóptero que desapareceu no dia 31 de dezembro quando ia da capital paulista para a cidade de Ilhabela irão utilizar cães farejadores para ajudar nas operações de resgate. As buscas pela aeronave chegaram ao 12º dia nesta sexta-feira (12).
Segundo Silvia Santos, que é irmã de Luciana Rodzewics, 46 anos, e tia de Letícia Rodzewics, 20 –ambas passageiras do helicóptero– uma empresa especializada em operações com cães se voluntariou a participar dos trabalhos.
Silvia diz que as famílias reuniram roupas dos passageiros para que os cães possam usar como referência durante as buscas na mata. “Se for preciso, a gente vai descer [em direção ao litoral norte] para falar com o pessoal dos drones”, acrescentou. Os familiares também contam com a ajuda de mateiros e de operadores de drones voluntários.
A irmã de Luciana e Letícia esteve na última quinta-feira (11) no aeroporto Campo de Marte, onde se reuniu com familiares dos outros passageiros e com a advogada do piloto do voo para definir as estratégias e para tentar obter novidades sobre a investigação.
Além do reforço dos animais, Silvia pede ajuda a moradores do Vale do Paraíba e do litoral norte para que ajudem com informações que podem levar ao paradeiro da aeronave.
“Se alguém da região ouviu alguma coisa, entre em contato comigo que eu passo para as autoridades e, juntos, vamos achar esse helicóptero.”
Apesar de estar empenhada em acompanhar de perto o trabalho das autoridades e dos voluntários, Silvia considera como “angustiante” já ter passado quase duas semanas sem notícias das quatro pessoas que estavam no voo. “Nós só temos um objetivo, que é encontrar os quatro com vida.”
Enquanto as famílias se organizam por fora, a Força Aérea Brasileira (FAB) e as polícias Civil e Militar seguem nos trabalhos oficiais de busca pelo helicóptero Robinson R-44 prefixo PR-HDB.
Na quinta-feira (11), a varredura feita pelo avião SC-105 Amazonas da FAB se concentrou na região de Paraibuna, no Vale do Paraíba. A PM utiliza os helicópteros Águia, enquanto na Polícia Civil os trabalhos são feitos com auxílio do helicóptero Pelicano.
Outra frente de investigação é feita usando os dados dos telefones celulares dos ocupantes da aeronave. A Polícia Civil utiliza os sinais emitidos pelos aparelhos para tentar definir a localização do helicóptero.
Vídeo: Cor do helicóptero também atrapalha na busca, diz especialista
Quem mais estava a bordo
Além de Luciana e Letícia, o empresário Raphael Torres, 41 anos, também estava no helicóptero. Foi ele, inclusive, que convidou mãe e filha para o voo. Eles fariam um “bate-volta” em Ilhabela, onde iriam almoçar.
A aeronave decolou do aeroporto Campo de Marte, em São Paulo, no dia 31 de dezembro no início da tarde e sumiu dos radares por volta das 15h. Em mensagens enviadas a parentes, Letícia e Raphael disseram que o tempo estava ruim em Ilhabela e que o helicóptero estava com dificuldade para chegar ao destino.
O piloto do PR-HDB era Cassiano Tete Teodoro, 44. Ele teve sua licença e as habilitações cassadas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) por causa de “condutas infracionais graves à segurança da aviação civil”. A agência reguladora diz que ele chegou a recorrer, mas a decisão foi mantida.
“Cassiano Tete Teodoro foi cassado em decorrência, entre outros motivos, de evasão de fiscalização, fraudes em planos de voos e práticas envolvendo transporte aéreo clandestino”, acrescenta a Anac.
Ainda de acordo com a agência, “em outubro de 2023, após observar prazo máximo legal para a penalidade administrativa de cassação, que é dois anos, o piloto retornou ao sistema de aviação civil ao obter nova licença com habilitação para Piloto Privado de Helicóptero (PPH)”. “Essa licença não dá autorização para realização de voos comerciais de passageiros”, finaliza a Anac.
Vídeo mostra helicóptero que pode ser a aeronave desaparecida
Na quarta-feira (10), a concessionária Tamoios enviou à polícia um vídeo captado por uma câmera de segurança que mostra um helicóptero que pode ser a aeronave que está desaparecida. Veja aqui.
O equipamento voa baixo, próximo à vegetação, em um ponto que fica às margens da Represa Paraibuna. A imagem foi feita no km 58 da Rodovia dos Tamoios.
Ainda não há confirmação se esse helicóptero é o que está desaparecido.
Vídeo: Piloto de helicóptero desaparecido em SP relatou em áudios dificuldades para cruzar serra