Gusttavo Lima indiciado: o que se sabe sobre investigação
Cantor é suspeito de participar de organização criminosa que teria movimentado cerca de R$ 3 bilhões
O cantor Gusttavo Lima foi indiciado por lavagem de dinheiro e associação criminosa, após a investigação da Polícia Civil de Pernambuco. A Justiça de Pernambuco chegou a expedir um mandado de prisão para o artista no último dia 23 de setembro, mas o pedido foi revogado no dia seguinte.
Gusttavo anunciou uma live em suas redes sociais na tarde desta segunda-feira (30), onde há a expectativa que ele fale sobre a investigação e o pedido de prisão contra ele – já revogado pela Justiça.
Nivaldo Batista Lima, nome de batismo do músico, é suspeito de estar envolvido com uma organização criminosa que teria movimentado aproximadamente R$ 3 bilhões provenientes de atividades ilícitas.
A investigação da Operação Integration é a mesma em que apura a participação da advogada e influenciadora Deolane Bezerra nos crimes.
O cantor estava em Miami, nos Estados Unidos, quando o mandado de prisão foi expedido. Após a revogação, ele veio ao Brasil para uma apresentação no Pará, mas já retornou ao país norte-americano neste domingo (29).
Veja o que sabemos até agora sobre a investigação que começou em dezembro de 2022.
Ocultação de valores
Gusttavo Lima é acusado de ocultar R$ 9,7 milhões recebidos em dois depósitos de jogos ilegais da HSF Entretenimento Promoção de Eventos.
A Balada Eventos e Produções Ltda, empresa do cantor, recebeu as transferências de R$ 4.819.200,00 em 3 de abril de 2023, e R$ 4.947.400,00 em 25 de maio de 2023.
Além disso, o artista também teria ocultado a venda e a propriedade da aeronave Cessna Aircraft, modelo 560XLS, ao negociar o avião com a empresa J.M.J. Participações Ltda.
Entre os meses de fevereiro e julho de 2024, a Balada Eventos recebeu sete transações na negociação da aeronave, totalizando em R$ 22.232.235,53.
No último dia 23 de setembro, a CNN consultou o registro da aeronave no portal da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que mostra a empresa do cantor como proprietária do avião.
A companhia ainda é acusada de ocultar valores provenientes dos jogos ilegais da Sports Entretenimento Promoção de Eventos e Pix 365 Soluções tecnológicas, segundo o inquérito.
A decisão judicial mostra que a Balada Eventos guardou cerca de R$ 195 mil em cofres da empresa.
Entenda a operação que levou ao pedido de prisão de Gusttavo Lima
GSA Empreendimentos e Vai de Bet
Uma empresa de Gusttavo Lima recebeu R$ 5,9 milhões da empresa de apostas esportivas Vai de Bet.
Um relatório de inteligência financeira (RIF) do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) aponta que a GSA Empreendimentos e Participações, que tem o artista como único sócio, recebeu R$ 5.950.000,00 da empresa Pix 365 Soluções Tecnológicas.
O inquérito aponta que a Pix 365 utilizou a empresa Zelu Brasil Facilitadora de Pagamentos para mediar parte das transações.
Desse total, a GSA ainda transferiu R$ 1.350.000,00 para a conta pessoal de Gusttavo Lima. As transferências foram feitas durante o ano de 2023.
Na decisão, a juíza Andrea Calado da Cruz explica que a Pix 365 é a empresa de apostas esportivas Vai de Bet, e a Zelu Brasil é a intermediadora de pagamento da Vai de Bet e da Esportes da Sorte.
“Infere-se que a vai de bet (PIX365), efetuou pagamento de R$ 5.750.000,00 à GSA, por meio da Zelu Brasil facilitadora de pagamento, além de ter enviado R$ 200.000,00 diretamente à GSA”.
A investigação ainda revelou que Gusttavo Lima é dono de 25% da Vai de Bet, em aquisição no dia 1° de julho de 2024. Na decisão, a magistrada pontuou que essa sociedade “acentua ainda mais a natureza questionável de suas interações financeiras”.
Proteção a foragidos
Um dos motivos que embasaram o pedido de prisão preventiva do cantor foi que, segundo a juíza Andréa Calado da Cruz, ele teria dado “guarida a foragidos”.
Na decisão, a magistrada afirma que o músico “demonstra uma alarmante falta de consideração pela Justiça. Sua intensa relação financeira com esses indivíduos, que inclui movimentações suspeitas, levanta série as questões sobre sua própria participação em atividades criminosas”.
Os investigadores apontaram que Gusttavo Lima teria sido conivente com a situação dos investigados José André da Rocha Neto e Aislla Sabrina Henriques Truta Rocha perante à Justiça. O casal é dono da Vai de Bet.
A juíza especifica a movimentação do suspeito com o casal, apontando que o cantor transportou a dupla para a Europa (Grécia e Ilhas Canárias) para evitar a Justiça.
O inquérito da Polícia Civil de Pernambuco sustenta que existem “indícios suficientes da participação dele no crime de lavagem de dinheiro”.
O que diz a defesa
A última nota pública da defesa de Gusttavo Lima foi publicada após a revogação do pedido de prisão contra o cantor, em 24 de setembro. Leia abaixo.
A defesa do cantor Gusttavo Lima recebe com muita tranquilidade e sentimento de justiça a decisão proferida na tarde de hoje pelo Desembargador do TJPE Dr. Eduardo Guilliod Maranhão, que concedeu o habeas corpus.
A decisão da juíza de origem estabeleceu uma série de presunções contrárias a tudo que já se apresentou nos autos, contrariando inclusive a manifestação do Ministério Público do caso.
A relação de Gusttavo Lima com as empresas investigadas era estritamente de uso de imagem e decorrente da venda de uma aeronave. Tudo feito legalmente, mediante transações bancárias, declarações aos órgãos competentes e registro na ANAC. Tais contratos possuíam diversas cláusulas de compliance e foram firmados muito antes que fosse possível se saber da existência de qualquer investigação em curso.
Gusttavo Lima tem e sempre teve uma vida limpa e uma carreira dedicada à música e aos fãs. Oportunamente, medidas judiciais serão adotadas para obter um mínimo de reparação a todo dano causado à sua imagem.
Equipe jurídica – Gusttavo Lima